Presidente da República visitou a província do Cunene depois de ter passado pela Huíla, onde constatou o nível de execução das obras que visam mitigar a estiagem na região, e garantiu continuidade do programa. Apesar de reconhecer esforço, Plataforma Sul adivinha “falhanço” do projecto, por alegadamente não se ouvir o que pensam as populações locais.
O Presidente da República tranquilizou as populações do Sul durante a sua estada de dois dias no Cunene, com a garantia de maior reforço do projecto de combate à seca, que assola, sobretudo, as províncias da Huíla, do Cunene e do Namibe.
João Lourenço assumiu este compromisso precisamente na sexta-feira, 11, um dia depois de ter deixado a Huíla, de onde, igualmente, trabalhou por dois dias, entre quarta-feira, 09, e quinta, 10.
Entre outras coisas, a visita do Presidente João Lourenço ao Cunene visou constatar a realidade da seca naquela localidade, bem como o grau de execução do programa concebido para mitigar a estiagem no Sul. Para além do Canal do Cafu, que beneficia de obras de restauro, o Chefe de Estado lembrou que, do projecto de combate à seca, consta ainda a construção de seis barragens que não tiveram ainda início.
A seca no Sul do País tem deixado, ano após ano, um rasto de destruição e mortes, entre pessoas e animais, para além de forçar a emigração das populações para a vizinha Namíbia.
Com vista a contornar a situação, as autoridades têm-se desdobrado em várias frentes, mas os esforços, em muitos casos, têm sido desvalorizados pelas associações de direitos humanos directamente ligadas à zona Sul, pelo alegado facto de as populações directamente afectadas pela seca não serem ouvidas pelo Governo durante a concepção dos projectos.
Por exemplo, em reacção à visita do Presidente ao Cunene, que visou, entre outras coisas, constatar a realidade local e anunciar novas medidas, o coordenador da Plataforma Sul, João Malavindele, igualmente coordenador da Omunga, considera que a exclusão da população nativa nos processos de concepção dos “projectos estruturantes”, como foi o caso do canal do Cafu, no Cunene, acaba por se revelar num “entrave para o desenvolvimento das comunidades”, porque, na perspectiva do líder associativo, passa aquém das reais necessidades das populações.
“São projectos que vêm sempre de cima para baixo. Através do Governo Central, arquitecta-se o projecto e depois não há um envolvimento directo das comunidades, das pessoas que vivem o problema da seca e da fome no seu dia-a-dia”, criticou o também jurista.
João Malavindele chama também a atenção da necessidade de as apostas na estratégia de combate à seca trazerem consigo a capacidade de melhorar a situação agrícola das populações locais e não se projectarem os programa, tendo em foco apenas as grandes companhias do sector.
Fonte: NJ