Polícia dispersa manifestação de apoio a Mondlane e faz pelo menos três mortos
O líder da oposição moçambicana Venâncio Mondlane foi recebido esta quinta-feira por uma multidão no regresso ao país. A polícia reprimiu violentamente as manifestações de apoio e há mortos a lamentar.
A repressão das manifestações de apoio ao líder da oposição de Moçambique, Venâncio Mondlane, fez pelo menos três mortos esta manhã na capital Maputo. Mondlane, que se assume como vencedor das eleições presidenciais de 9 de outubro, regressou esta quinta-feira ao país, num ambiente de triunfo, após dois meses de exílio auto-imposto. Mondlane fugiu do país devido aos tumultos que se desencadearam após as eleições e se intensificaram com a certificação dos resultados, no mês passado, que deram a vitória ao candidato da FRELIMO, Daniel Chapo. A violência das últimas semanas fez já mais de cem mortos no país. Alguns grupos da oposição dizem mesmo que os tumultos matartam mais de 200 pessoas.
Esta quinta-feira, Mondlane foi recebido por milhares de pessoas na capital moçambicana e fez uma tomada de posse simbólica. Depois de uma receção efusiva junto ao aeroporto, Mondlane esteve no centro de Maputo, na zona do Mercado Estrela, onde discursou perante a multidão e onde a polícia acabou por abrir fogo e lançar gás lacrimogéneo sobre a mole humana que celebrava o regresso do candidato. Após este episódio, desconhece-se o paradeiro de Mondlane.
Antes, a polícia tinha bloqueado os acessos ao aeroporto, para impedir que a multidão viesse acolher Mondlane.
O candidato apoiado pela plataforma PODEMOS tinha deixado Moçambique há dois meses, temendo pela própria vida, depois do assassínio de duas figuras ligadas ao movimento.
Embora mantenha que é o vencedor das eleições de 9 de outubro e que o resultado eleitoral que deu a vitória ao candidato do poder foi forjado, Mondlane mostrou-se pronto a entrar em negociações para pôr fim à violência que tem assolado o país.