O sector da construção, que tem grande potencial empregador e já foi um dos mais dinâmicos, continua em queda, e de 3.º mais importante, em 2015, passou agora para o 6.º lugar das actividades económicas que mais peso têm no PIB. Foi destronado pela agricultura, mas estas mudanças tiveram pouco impacto na indústria transformadora, que apenas vale 8% do PIB, ainda muito abaixo da média de 10% da África Subsariana.
Há três anos consecutivos que o sector petrolífero e o comércio valem mais de metade do PIB nacional, o que faz com que Angola seja cada vez mais um país de comerciantes. Hoje, por cada 100 Kz de riqueza gerada no País, 29,7 Kz têm origem no sector de extracção e refinação de petróleo bruto.
Em termos globais, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,9% em 2023, o que representa um abrandamento face aos 3,0% registados em 2022, de acordo com o relatório sobre as contas nacionais relativo ao IV trimestre do ano passado, publicado esta semana pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
O crescimento verificado em 2023 está acima dos 0,44% que o Governo inscreveu na reprogramação macroeconómica que consta no relatório de fundamentação do Orçamento Geral do Estado para 2024, superando também a previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI), que no relatório de avaliação ao País no âmbito do artigo IV dos estatutos da instituição apontava a 0,5%.
Ainda assim, trata-se de um crescimento próximo da estagnação económica, muito abaixo das necessidades do País, já que a população cresce a uma média anual de 3,1%. Quando a economia cresce abaixo da população, significa que o País não está a conseguir gerar os empregos para acomodar quem entra em idade activa, o que acaba por gerar mais desemprego e pobreza. Olhando para o crescimento económico desde 2015, e tirando o ciclo de cinco anos de recessão entre 2016 e 2020, o crescimento verificado no ano passado é, a par do verificado em 2015, o mais baixo neste período, já que em 2021 o PIB cresceu 1,2% e em 2022 expandiu 3,0%.
E a culpa é do suspeito do costume, o petróleo, cujo PIB apenas por uma vez desde 2015 não caiu (em 2022). No ano passado, o PIB da extracção e refinação de petróleo caiu 2,4%, sobretudo devido às paragens programadas e não programadas nos principais poços do País. A empurrar a economia para baixo esteve também a construção, que tem sido o sector mais afectado pelo ciclo negativo da economia angolana na última década. Em 2023, aquele que em 2015 era o terceiro sector com mais peso no PIB, caiu 1,5%, ocupando actualmente a 6ª posição dos sectores com mais peso na economia.
A construção é um sector que tradicionalmente emprega muitos trabalhadores mas não pára de afundar em Angola, o que também ajuda a explicar a alta de desemprego no País (31,9% em 2023), segundo o investigador económico Fernandes Wanda. “Caso houvesse uma maior transparência no processo de adjudicação de obras, o sector da construção, através de programas como o PIIM, poderia ser uma boa medida contra cíclica.
Fonte: Expansão