Paulo Flores agita Luanda em espetáculo totalmente novo
Na noite de sábado e nas primeiras horas de domingo, a Baía de Luanda levou uma moldura humana de diferentes zonas da capital e de outros pontos do país para testemunhar o concerto de encerramento da digressão “Angola que Canta”, que visou celebrar o “tempo de estrada” do músico Paulo Flores.
O espetáculo ficou marcado por uma mistura de emoções, das quais a felicidade por mais uma conquista foi a que teve maior destaque, como aconteceu durante os concertos anteriores da turnê de Paulo Flores, que teve início no passado dia 31 de Agosto. “Ti Paulito” começou a aquecer os convivas com os temas “Herói da Foto” e “Jeito Alegre de Chorar”, do projeto discográfico “Independência”, lançado a 11 de Novembro de 2021, que conto com as participações de Yuri da Cunha e Prodígio, os dois convidados da digressão, e Manecas Costa, o parceiro de palco e “irmão da vida”.No palco, o artista, considerado uma referência da música popular de Angola e feito como o “embaixador” do semba no mundo, disse não conseguir gerir a emoção, desde o momento que gravou o começo da jornada na música.“Lembro o meu pai a incutir em mim o amor por Angola, pelas nossas músicas, pelo povo e, sobretudo, pela nossa identidade. Por isso, toda a canção que ouvem de mim é feita por amor a todo o angolano”, afirmou, visivelmente emocionado. O momento seguinte serviu para ‘Ti Paulito’, como também é conhecido, recuar ao século XX e apresentar os sucessos “Coisas da Terra”, do álbum “Perto do Fim”, lançado em 1998, e “Reencontro”, publicado em 1992.No espetáculo, Paulo Flores apresentou, igualmente, os temas que remetem a um olhar da nossa realidade social, como “A Carta” e “Makalakato”. O artista confessou que ambos têm um grande valor sentimental para si.“As vitórias também são feitas de dor, por isso são comemoradas com muita euforia. Essas duas músicas refletem a dor que senti e que me custam cantar, mas tenho de o fazer”, referiu o artista, momentos antes de interpretar as canções.Temas como “Minha Velha”, “O País Que Nasceu o Meu Pai”, “Boda”, “Poema do Semba”, “Mar Azul”, “Kunanga do Amor” e “Inocenti”, esta última feita quando o artista tinha 19 anos, também fez parte do alinhamento do concerto.Durante a turnê “Angola que Canta”, o artista também atuou nas províncias do Huambo, Namibe, Bié e Benguela, tendo como convidados Yuri da Cunha, um dos maiores intérpretes da música angolana, e Prodígio, um dos mais conceituados rappers do país.
Semba e kizomba de Yuri e rap de Prodígio na estrada do “Angola que Canta”Os dois artistas ajudaram Paulo Flores a “desarrumar” completamente a Baía de Luanda, como nas outras passagens. Em Luanda, em particular, o fez ao ponto de o público regressar a casa, madrugada adentro, a cantar as músicas interpretadas durante o concerto.O rapper Prodígio começou por apresentar “A capela”, sucessos do grupo Força Suprema, do qual é membro. Entre os temas, Prodígio fez o público vibrar com “Deixa o Clima Rolar” e “Serias Tu”, passando, de seguida, para “Playa” e “Castelo de Lata”, dois temas de sua autoria. O público embevecido respondeu à atuação do artista interpretando, em uníssono, os temas com o rapper, também conhecido por Pro2da.Com Paulo Flores, Prodígio cantou os temas “Nzambi” e “Esquebra”, que fazem parte do álbum colaborativo dos dois artistas intitulados “A Bênção e a Maldição”.Por outro lado, Yuri da Cunha, que na primeira reunião trouxe temas como “Regressa” e “Cabelos Brancos”, músicas que quase fizeram os convivas abrirem na Baía rodas de dança, apesar do espaço disponível por conta da enchente.No segundo momento, acompanhou o anfitrião até ao final do concerto. Nesta fase, o real vai para as parcerias musicais registadas em discos como “Rumba Zatukina”, original de David Zé, e “Njila ya Dikanga”, do álbum colaborativo “No Tempo das Bessanganas”, de 2022.Para encerrar a boda rija prometida para o show de encerramento, Paulo Flores colocou o pé no acelerador em “Isua Ioso”, que foi interpretado com a presença de Prodígio e Yuri da Cunha no palco.No instrumental da música “Isua Ioso”, os artistas mostraram porque são fazedores de arte e grandes showmans. Por exemplo, Prodígio trouxe como suas faixas “Swagg All Ova” e “Diabo não Fala Comigo”, enquanto Yuri da Cunha fez vibrar o público com “Atchu Tchutcha”. O trio cantou, ainda, “A Mota não está a pegar”, de Mauro Alemão.
Dicas floridas Durante a atividade, Paulo Flores confessou que uma das maiores conquistas que teve, ao longo da carreira, foi a de ter trabalhado com o pai e, atualmente, estar a fazer o mesmo com o filho. “São momentos bonitos que a vida nos dá, é uma honra estar no palco com o meu filho”, afirmou.Paulo Flores ultimamente que a comemoração dos 36 anos de carreira não foi apenas a realização de um sonho seu, mas de todos que acreditaram e apoiaram, porque só foi possível graças a um esforço conjunto.“Espero que se sintam orgulhosos de quem são, da cultura angolana e das nossas conquistas. Muito obrigado por tudo e muitas forças nas suas vidas”, desejou no fim do espetáculo Paulo Flores aos fãs angolanos.
Fonte: JA