Paulina Chiziane pretende criar fundação para ajudar mulheres
A escritora moçambicana Paulina Chiziane, anunciou, sexta-feira, em Luanda, a pretensão de criar, no seu país, uma fundação que ajude a promover as mulheres.
Uma das 100 mulheres mais influentes do mundo este ano, Chiziane deu a conhecer a pretensão, à saída de uma audiência que lhe foi concedida pela ministra de Estado para a Área Social, Dalva Ringote Allen.
A fundação, adiantou, seria um lugar com tudo que é o seu legado para as próximas gerações, naquilo que considera a concretização de um sonho. “Chegou a hora de começar a construi-lo”, disse.
A escritora, de 68 anos, com 13 obras literárias publicadas, a primeira das quais aos 35 anos, considera o trabalho como seu legado o facto de ser a primeira mulher moçambicana a publicar um romance no seu país e a primeira negra a receber o Prémio Camões, além de, recentemente, ter sido eleita uma das 100 mulheres mais influentes do mundo.
Autora do livro “Balada de Amor ao Vento”, lançado na década de 90, Paulina Chiziane considera-se uma mulher que carrega a responsabilidade de dizer a qualquer menina que, venha de onde vier, tem dentro de si o poder para derrubar todas as barreiras. “É possível porque eu, pessoalmente, vim do chão e conquistei o mundo com os pés descalços e hoje sou uma pessoa do mundo”, ressaltou.
Paulina Chiziane disse que a audiência com a ministra de Estado Dalva Ringote serviu para debater sobre vários assuntos relacionados com o seu trabalho e sobre o facto de ser uma das 100 mulheres mais influentes do mundo, um estatuto que, confessou, trazem consigo responsabilidades.
“No encontro, primeiro ofereci e falei sobre o meu recente trabalho que é um disco musical que produzi. Falamos sobre o meu sonho de deixar um legado para a nova geração moçambicana, africana, e do mundo, que é a criação de uma fundação, cujos caminhos terei que aprender a percorrer”, contou.
Paulina Chiziane, que se encontra em Angola desde o dia 26 de Novembro, para lançar, pela primeira vez, a sua obra discográfica intitulada “Msaho”, que em português significa “Festa”, falou ainda com Dalva Ringote sobre a necessidade de os moçambicanos e angolanos trabalharem juntos, uma vez que existe um legado semelhante entre os seus antepassados.
“Quando era mais nova, (via) – e ainda hoje vejo – fotografias de Agostinho Neto, Samora Machel e Eduardo Mondlane, sentados juntos, a concertar o nosso futuro que é o presente que vivemos hoje”, disse a escritora, para quem é importante ver como deixar marcas para que a nova geração se lembre de que “a construção de uma nova África foi o produto de encontros entre várias nações, vários corações e sonhos”.
Voltando a falar do encontro com a ministra de Estado para a Área Social, Chiziane disse que o mesmo terminou com um “abraço muito forte”, no sentido de que, “a partir de agora, vamos trabalhar em conjunto para a construção de um mundo novo, à semelhança daquele legado que nos deixaram os nossos antepassados”, concluiu.
Mulher angolana é forte
Paulina Chiziane considerou a angolana como sendo forte e poderosa, cuja história conhece ser de sacrifícios e lágrimas ao longo de tantos anos de guerras.
“Mas ainda há uma imagem que eu gosto muito quando saio pela rua e vejo muitas mulheres com bacias à cabeça, vendendo qualquer coisa com filhos nos braços, estes que são o futuro de Angola”, disse a escritora, referindo-se à mulher zungueira. “Para mim, olhar para aquelas mulheres, no meio do sol, a lutar com tanta dificuldade, costumo dizer que tenho muito respeito por elas”, afirmou, ao concluir.
Fonte: JA