As zungueiras e proprietários de alguns armazéns continuam a desafiar as ordens do Governo da Província de Luanda (GPL) no que diz respeito ao reordenamento do comércio para a melhoria da imagem da capital. Há quem aponte o dedo aos fiscais, acusando-os de receber subornos para permitir a venda desordenada.
Segundo constatou à imprensa, as áreas proibidas pelo GPL para exercer comércio são invadidas a partir das 17:00, por zungueiras que criam transtornos na circulação de viaturas e pessoas nas principais artérias da capital.
“As ordens do Governo da Província de Luanda, são desafiadas por parte de zungueiras, que dão qualquer coisa (dinheiro) aos fiscais e alguns agentes da Polícia Nacional em serviço, para venderem nas áreas proibidas ao cair da tarde”, disse ao Novo Jornal o proprietário de um estabelecimento comercial no Calemba II, António Matungui.
Segundo este comerciante, o comércio informal no bairro Calemba II, no município do Kilamba Kiaxi, continua a criar transtornos, dando uma má imagem do município.
“No São Paulo e outros locais, já não se constata muita desordem, como no Calemba II e Zango, onde a situação inspira cuidados”, acrescentou.
Mbunga Pedro, um marceneiro que mora no Calemba II, diz que “a venda feita a céu aberto, sem regras, e, o mais grave, nos passeios das estradas,”é uma autêntica desobediência” e espera que a administração municipal do Kilamba Kiaxi tome medidas urgentes, para contornar a situação”.
“Circular pela via do Calemba II em direcção a Viana, tornava-se difícil devido ao mercado, que se localiza próximo da estrada principal do bairro. Mesmo com as medidas tomadas pelas autoridades do GPL, ninguém obedece”, lamenta Mbunga Pedro.
As ordens do GPL são mais desafiadas nos mercados do Zangos, onde as vendedoras transferidas, por exemplo, para o “Mercado Esperança”, no período da tarde, voltam a vender nas ruas.
“É um mercado bem localizado e está aberto aos camionistas, armazenistas e importadores de mercadorias, bem como a todos aqueles que quiserem lugares para vender produtos a grosso e a retalho, de forma organizada, fora dos pontos proibidos pelo GPL. Mas estes não aparecem o que obriga as zungueiras a voltarem às estradas para venderem”, queixa-se António Kivia, que tem uma barraca neste mercado.
A administradora do mercado Esperança, Micaela da Costa, reconheceu que o reordenamento do comércio está a permitir que no Distrito Urbano do Zango, com realce para as zonas do Zango 1 a 4, tenha reduzido a “venda desordenada” ao longo das principais avenidas e nas vias secundárias e terciárias.
“O Governo da Província de Luanda criou todas as condições para que este processo de reordenamento de comércio tenha êxito, mas infelizmente, nos últimos tempos, notamos vendedoras a deixarem os mercados para voltar às ruas da capital”, lamentou Marcela Costa.
A cidadã Anita Quilombo, vendedora no Zango 1, responsabiliza os agentes da fiscalização que têm facilitado o retorno das zungueiras às ruas do Zango.
“Não compreendemos o que está a acontecer aqui no Zango 1. As zungueiras que o GPL transferiu para estes mercados não permanecem nos seus locais e optam por vender nas ruas”, denunciou, salientando que muitos fiscais são corrompidos pelas zungueiras.
Uma fonte da fiscalização no Distrito Urbano do Zango, contactada pela imprensa, disse não corresponder à verdade a informação sobre o suborno dos fiscais.
“Enfrentamos muita guerra para travar este fenómeno (venda desordenado), as zungueiras são sensibilizadas e não escutam orientações”, defendeu.
A porta-voz do Reordenamento do Comércio, Nádia Neto, disse que o Governo de Luanda criou todas as condições necessárias para que o programa de Reordenamento do Comércio tenha sucesso na capital.
“Existem, no município de Luanda, 13 mercados, com 2800 vagas, em Cacuaco, 21 mercados, com 14.262 vagas; Cazenga, 12 mercados, com 39.479 vagas; Icolo e Bengo, 3 mercados, com 750 vagas; Belas, 22 mercados, com 7.683 vagas, Quiçama, 08 mercados, com 386 vagas, Kilamba Kiaxi, 16 mercados, com 3.397 vagas; Talatona, 16 mercados, com 3.846 vagas; e Viana, com 33 mercados e 4.100 vagas, perfazendo um total de 144 mercados e 76.800 vagas disponíveis”, afirmou, salientando que o GPL criou todas as condições para acolherem a zungueiras com dignidade nos mercados onde podem fazer o seu comércio sem sobressaltos.
Fonte: NJ