A fuga para o digital é hoje a principal solução para facilitar as transações, permitindo maior celeridade nas operações e evitar as longas filas nos ATM’s. O Express já é o canal mais utilizado mas os ATM’s são os que mais movimentam dinheiro na rede Multicaixa, que também engloba os TPA’s e Internet Banking.
As operações com o Multicaixa Express quase que duplicaram, ao registar um crescimento 96% no primeiro semestre deste ano para 461 milhões de operações face ao período homólogo, que resultaram na transacção de 5,4 biliões Kz, de acordo com cálculos do Expansão, com base nos dados mais recentes da Empresa Interbancária de Serviços (EMIS).
Desde 2023, o Multicaixa Express é o canal preferido pelos clientes dos bancos para a realização de operações bancárias, sobretudo consultas. Ainda assim, a nível de movimento de dinheiro é o segundo canal mais utilizado, ficando atrás das Caixas automáticas, vulgo ATM’s.
O Multicaixa Express é um canal mobile interbancário que permite associar um conjunto de cartões multicaixa à aplicação móvel Express. O aplicativo permite aos clientes bancarizados (com acesso a um cartão) pagamentos, transferências bancárias, consultas, pedido de levantamentos sem cartão, ou gestão de cartões, através de um telemóvel.
Contas feitas, os valores transaccionados através do Multicaixa Express representam já 46% do total de valores movimentados na rede multicaixa, o que significa que, por exemplo, em cada 100 de transacções na rede multicaixa, 46 são realizadas através do Express, o que demonstra que, apesar dos receios sobre a segurança do sistema que têm originado preocupações dos utilizadores, há uma alteração no perfil do cliente bancário e uma maior penetração dos canais digitais no mercado como soluções para facilitar as transacções, permitindo celeridade nas operações, bem como para dar resposta aos constrangimentos encontrados em vários serviços, como as enchentes nos ATM’s, as filas e muito tempo de espera para pagamentos de serviços públicos.
Assim, para o presidente da Associação Angolana de Defesa do Consumidor de Serviços e Produtos Bancários (ACONSBANC), Nelson Prata, existe um conjunto de factores que contribuem para que haja uma maior adesão aos canais digitais, nomeadamente, a desmaterialização da actividade da bancária, o aumento do nível de literacia digital dos clientes bancários, o nível de escolaridade dos novos clientes bancários e as longas filas nos balcões e ATM’s.
“Basta pensar que uma grande franja dos utilizadores dos canais tem idade compreendida entre os 18 e 30 anos, naturalmente com um outro nível de instrução e necessidade. Por outro lado, a média do tempo de espera nas agências, têm vindo cada vez mais a empurrar os clientes a aderirem à banca digital”, argumentou.
O economista Wilson Chimoco partilha da mesma opinião e argumenta que o crescimento das operações com Multicaixa Express, representa, “sem sombra de dúvidas”, uma alteração no perfil do cliente bancário para os canais digitais. “As pessoas estão cada vez menos dispostas a enfrentar as longas filas dos bancos ou nos ATM’s para levantar dinheiro ou fazer outras operações que os canais digitais permitem. Por outro, têm vindo a crescer a literacia digital e com ela a maior segurança no uso dos canais digitais para a realização de operações financeiras”, defende.
No entanto, o economista entende que a tendência deverá aumentar à medida que mais serviços estejam à venda em canais digitais e o formalismo da apresentação dos comprovantes físicos passe a ser desnecessário. Assim, considera que a moeda ainda joga um importante papel na dinamização das trocas. E quanto mais acessível, confiável e seguro for o meio de pagamento, maior a celeridade nas operações e melhor o desempenho da economia.
ATM movimentam mais dinheiro, mas filas continuam
Apesar de o Multicaixa Express ser o canal com maior número de operações, os caixas automáticos, vulgo ATM’s, continuam a ser os que movimentam mais dinheiro. No primeiro semestre deste ano, foram movimentados 5,5 biliões Kz em 242 milhões de operações, o que representa um crescimento de 21% face os 4,6 biliões movimentados no mesmo período do ano passado. Ainda assim, o problema das filas continua, sobretudo no período dos pagamentos dos salários.
Fonte: Expansão