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Obras emergenciais em Benguela não ofuscam risco de tragédia semelhante à de 2015

Especialistas ouvidos pela imprensa a propósito do estudo que deu azo ao Programa de Infra-Estruturas Emergenciais e Integradas dizem que as autoridades ainda não chegaram ao essencial, quase 20 meses depois do início da empreitada, já com gastos superiores a 125 milhões de euros. Bacias de retenção das águas pluviais e passagens hidráulicas são lacunas apontadas também por quem esteve no Executivo na altura da tragédia que abalou a província, igual a uma outra na década de 70. Governo já prometeu mais obras, incluindo nos domínios da macrodrenagem e requalificação de bairros.

Obras suspensas em várias frentes são o indicador de quebra de ritmo no Programa de Infra-Estruturas Emergenciais de Benguela, executado em 30% até Maio deste ano, quando se questiona a ausência de acções prioritárias no Despacho Presidencial 142/21, capazes de prevenir tragédias semelhantes àquela que desalojou centenas de famílias e provocou quase 100 mortos, indicam levantamentos feitos mediante documento oficial.

Este Programa Emergencial, avaliado em 415 milhões de euros, existe porque, em 2015, na sequência dos estragos do mês de Maio, o Governo Central aprovou o Plano-Director de Macrodrenagem Urbana da província de Benguela, visto à lupa pela imprensa, num exercício com apoio técnico de dois ex-membros do Governo Provincial, que criticam o que chamam de desvios na execução das obras.

O despacho presidencial dá primazia à “necessidade de se estancar o deslizamento de terras e a instabilidade dos solos que de forma cíclica acontecem em tempo chuvoso, causando estragos e perdas de vidas humanas nos municípios de Benguela e Lobito”.

A seguir, no que é descrito como demonstração de iniciativa integrada, surgem, também com a componente urgência, medidas como “construção e recuperação de sistemas de abastecimento de água, vias rodoviárias, edificações públicas, aproveitamentos hidro-agrícolas e iluminação pública”.

Como quem “troca em miúdos” o essencial de um documento com 131 páginas, ambos os antigos dirigentes lamentam que a prioridade não esteja na macrodrenagem, o cerne da tragédia, embora cada um agarre num ponto específico.

O primeiro, ao recordar uma crise similar em 1972 no Lobito, igualmente com mortes e casas arrastadas, questiona a inexistência de barreiras de contenção delineadas para diminuir o poder de destruição das águas que saem da zona alta para a baixa.

“Foi isso que aconteceu em Março de 2015, o impacto da água, encontrando, como se não bastasse, as valas sem limpeza. Portanto, ainda não se está a mexer na macrodrenagem”, assinala a fonte, que louva, entretanto, a forma como está a ser levada a cabo a recuperação de importantes vias rodoviárias nos municípios de Benguela e do Lobito.

Fonte: NJ

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