
Por: José Semedo
Alguns factos chamaram a atenção da imprensa e do povo de Angola este ano. Poucos dias após a violenta repressão de um protesto, no dia 8 de agosto de 2025, o Serviço de Investigação Criminal (SIC) anunciou a detenção de cinco pessoas, duas das quais cidadãos russos: Igor Raktin (38 anos) e Lev Lakstanov (64 anos). Ambos foram acusados de algo que desafia a lógica humana e continuam presos sob condições espartanas.

Quando ouvimos falar em “espiões russos”, imaginamos indivíduos
minimamente treinados em habilidades linguísticas e físicas. No entanto, os
chamados “superespiões russos” Igor Raktin e Lev Lakstanov nem sequer possuem
o perfil de um agente secreto. Um deles é um idoso cuja saúde, já fragilizada pelo nervosismo, se deteriora a cada dia. Se pratica algum desporto, será, na melhor das hipóteses, um jogo de cartas — talvez, para o SIC, uma competência essencial para um espião que supostamente pretendia desestabilizar um país com centenas de milhares de militares armados. Segundo relatos de advogados com acesso à prisão, Lev Lakstanov sofre de hipertensão arterial e insuficiência cardíaca. Fica a pergunta: na Rússia, não
encontraram ninguém em melhor estado de saúde para uma missão tão arriscada? É verdade que alguns terroristas famosos, como Osama Bin Laden, também eram idosos, mas será que o senhor Lakstanov alguma vez fez discursos de incitação à violência ou apelou à destruição da Cidade Alta?
A realidade — essa que raramente aparece nas páginas do jornalismo oficialista angolano — é que há um homem preso sob acusações graves, padecendo de uma doença que o coloca em risco elevado de enfarte, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca grave e morte súbita, Especialmente em nosso país onde as condições prisionais estão longe de ser humanas. Segundo o seu advogado, a situação de saúde de Lakstanov exige acompanhamento médico constante. Ele permanece detido em circunstâncias extremamente difíceis e, a cada dia que passa, o seu estado agrava-se.



