A Organização das Nações Unidas (ONU) felicitou, segunda-feira, o Presidente da República, João Lourenço, pelo empenho no processo de paz e segurança no Leste da República Democrática do Congo (RDC) e prometeu apoiar a implementação do Roteiro de Luanda, de modo a tornar-se num mastro capaz de esbater as tensões existentes entre aquele país e o vizinho Rwanda.
O reconhecimento foi feito pela subsecretária-geral das Nações Unidas para os Assuntos Africanos, Martha Pobee, à saída da audiência com o estadista angolano no Palácio Presidencial.
“O trabalho que o Presidente João Lourenço tem estado a desenvolver, na qualidade de Campeão para a Reconciliação e Paz em África, a nível da União Africana, está bastante visível não apenas neste conflito reinante na RDC, mas, também, na República Centro Africana, incluindo o Tchad”, realçou a diplomata ghanense ao serviço das Nações Unidas, para quem o problema deste último país tem a ver com questões fronteiriças.
“Quando não se tratam as questões de segurança a nível das fronteiras, essas acabam por perigar a segurança e, quando não há segurança, não há paz. Isto cria, claro, vários desafios a nível de paz e segurança”, sublinhou.
Martha Pobee fez saber que as Nações Unidas vão continuar a trabalhar com o estadista angolano, prestando-lhe todo o apoio necessário na missão de promover a paz e segurança no continente africano. “Por isso, comprometemo-nos a continuar a trabalhar com o Presidente João Lourenço, tendo em conta a sua sábia visão em matérias de paz e segurança”, destacou Martha Pobee, esclarecendo que o encontro com o Presidente da República incidiu sobre questões inerentes à paz e segurança a nível da região.
“Sinto-me bastante honrada pela oportunidade que tive de ter este encontro com o Presidente da República de Angola, João Lourenço”, aclarou.
Roteiro de Luanda
O Roteiro de Luanda é o documento aprovado durante a cimeira tripartida da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL), entre Angola, RDC e Rwanda, que aponta os caminhos para a pacificação no Leste da RDC.
Entre os vários pontos constantes neste documento, assinado pelos Presidentes Paul Kagame, Félix Tshisekedi e João Lourenço, na qualidade, também, de presidente da Conferência Internacional para a Região dos Grandes Lagos e mandatário da União Africana, destacam-se a instauração de um clima de confiança entre os Estados da Região dos Grandes Lagos, a criação de condições ideais de diálogo e concertação política, com vista à resolução da crise de segurança no Leste da RDC, a normalização das relações políticas e diplomáticas entre a RDC e o Rwanda e a cessação imediata das hostilidades. Constam, igualmente, do Roteiro de Luanda, a criação de um Mecanismo de Observação Ad-Hoc, liderado por um general angolano, para acompanhar o cumprimento dos acordos, a retirada imediata das posições ocupadas pelo M23 no território congolês, em conformidade com o comunicado final de Nairobi, a criação de condições para o regresso dos refugiados, a reactivação da equipa conjunta de inteligência para definir as modalidades práticas e o programa de luta contra as FDLR, em coordenação com a presidência da CIRGL e o Processo de Nairobi e a criação de mecanismos regionais de luta contra a exploração ilícita de recursos naturais na região, com realce no território da RDC.
Os governos da RDC e do Rwanda reconheceram, no ano passado, que a solução política para a crise de segurança reinante no Leste da RDC é o Roteiro de Luanda. O reconhecimento foi feito, em Kinshasa, no final do encontro que o Presidente João Lourenço manteve com o homólogo Félix Tshisekedi, no quadro do processo de mediação que está a levar a cabo, a mando da União Africana, para sanar o clima de tensão que se vive entre a RDC e o Rwanda.
Fonte: JA