O Relatório Global sobre Crise Alimentar, do Programa Alimentar Mundial, divulgado nesta quarta-feira, 24, aponta que um milhão e trezentas mil pessoas em Angola, ou seja 4% da população, enfrentaram níveis elevados de insegurança alimentar aguda em 2023.
Segundo o relatório, elaborado por uma rede de 16 agências, entre as quais a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o Programa Alimentar Mundial (PAM) das Nações Unidas e a União Europeia, esta situação deverá piorar nos próximos meses.
No relatório prevê-se condições climatéricas secas para a época agrícola de 2023/24, sendo provável que “as chuvas fracas conduzam a uma baixa produção agrícola e agravem os níveis agudos de insegurança alimentar em 2024”.
O aumento dos preços dos alimentos ao longo de 2023 foi “parcialmente atribuído” à desvalorização do kwanza entre Maio e Julho de 2023 e à “eliminação dos subsídios aos combustíveis, que contribuíram para aumentar os custos de produção e distribuição”, frisa o relatório Global sobre Crise Alimentar.
“Os dados relativos a 2023 não são directamente comparáveis com os de 2022, devido a uma alteração na metodologia para Angola”, sublinha o relatório.
O relatório dá conta que, o aumento dos níveis elevados de insegurança alimentar aguda em 2024 é estimado a partir do pico registado em 2023 e “reflecte a expectativa de fraca precipitação durante a época de colheita de 2023/24, as baixas reservas alimentares das famílias e a inflação persistente dos alimentos e dos combustíveis”, sublinha o relatório.
Os efeitos combinados de anos consecutivos de condições meteorológicas secas, incluindo durante a época de 2022/23, “reduziram significativamente a produção agrícola, que é a principal fonte de alimentos para as famílias rurais no sudoeste” de Angola, onde as províncias do Cunene, Huíla e Namibe foram classificadas em Crise (o terceiro nível mais elevado da FAO) em 2023.
Se as zonas do sudeste angolano registaram défices de precipitação durante os últimos meses de 2023, relacionados com o evento El Niño, no resto do país, a precipitação acumulada foi superior à média.
Já em Luanda, chuvas anormalmente fortes em Dezembro perturbaram a disponibilidade de alimentos nos mercados da capital e nas zonas rurais abastecidas a partir da capital.
Fonte: CK