O Ministério da Saúde (MINSA) exortou, esta segunda-feira, em Luanda, os pais e professores para serem os principais mobilizadores para o alcance dos objectivos da Campanha Integrada de Vacinação contra a Pólio, Sarampo, Rubéola, Administração da Vitamina A e da Covid-19.
A ministra Sílvia Lutucuta, que falava durante o lançamento da Campanha Integrada de Vacinação, em todo o país, que teve início ontem e termina a 4 Dezembro, destacou que as vacinas são gratuitas e todos devem acorrer aos postos de vacinação.
Realçou que o sucesso da campanha e do acesso universal às vacinas de todas as crianças dependem, também, de toda a sociedade, sendo que a nível das províncias e municípios as acções estão a ser lideradas pelos governadores e administradores municipais.
A ministra da Saúde afirmou que a campanha está a ser financiada pelo Executivo, que tem estado a assumir, cada vez mais, o financiamento das actividades da imunização de crianças menores de cinco anos contra doenças imuno-preveníveis, com a finalidade de garantir a sua sustentabilidade.
Sílvia Lutucuta destacou que foi com muita satisfação que o Executivo fez o lançamento da segunda fase da Campanha Integrada de Vacinação contra a Pólio, Sarampo, Rubéola e a Administração da Vitamina A a crianças menores de cinco anos, associada à quarta dose de vacinação contra a Covid-19.
Referiu que a campanha reveste-se de uma importância particular, que advém do facto de constituir a reafirmação do compromisso com a sobrevivência e o desenvolvimento das crianças, em consonância com o pensamento do Presidente da República, que tem sublinhado que “as crianças sempre estiveram no centro das políticas de governação”.
A ministra realçou que o Executivo controlou a Ru-béola e consolidou a certificação do país livre da Pólio. No entanto, revelou que a logística destas campanhas serve, também, para administrar a Vitamina A e lançar a quarta dose de vacina contra a Covid-19.
Um dos maiores desafios que o ser humano enfrenta após o nascimento, sublinhou, é a sobrevivência, sobretudo, dos zero aos cincos anos, fase em que as vacinas são fundamentais para a prevenção de doenças evitáveis.
Sílvia Lutucuta reafirmou que o Governo vai continuar a reforçar as acções da Saúde que fazem parte do Programa do Executivo para o Quinquénio (2023-2027), que tem como prioridade a universalização do acesso às vacinas, com vista à redução da mortalidade.
Em relação às razões do lançamento da Campanha, a ministra explicou que estão a ocorrer surtos de sarampo em muitos municípios do país. Por exemplo, desde a última campanha de vacinação contra o sarampo, realizada em 2018, verificou-se um aumento de crianças susceptíveis em contrair a doença, devido a menor procura de vacinação de rotina às unidades sanitárias, causadas pela pandemia da Covid-19.
Em função disso, esclareceu que todas as crianças a partir dos seis meses de idade devem ser vacinadas, independentemente das doses recebidas anteriormente, para evitar a propagação dos surtos epidémicos.
Quanto à poliomielite, a ministra referiu que África não está livre da doença, pelo facto de, entre os meses de Fevereiro e Maio deste ano, terem sido confirmados, em Malawi e Moçambique, casos importados do Paquistão, com um elevado risco de reintrodução do Poliovírus Selvagem em Angola. Estes eventos, realçou, mostram a grande vulnerabilidade do país e a importância de atingir altas coberturas de vacinação para a prevenção efectiva do sarampo e das outras doenças preveníveis pela vacinação.
Circulação imunitária da Covid-19
No caso da Vitamina A, revelou ser essencial para o adequado funcionamento do organismo humano, com a finalidade de reforçar a resposta imunitária dos epitélios respiratório, digestivo e ocular das crianças.
Sílvia Lutucuta reafirmou que Angola tem circulação comunitária da Covid-19, bem como o surgimento de frequentes surtos e ocorrências de óbitos, particularmente, nas pessoas não vacinadas e com co-morbilidades associadas.
Para a ministra, esta campanha oferece, também, uma nova oportunidade para as pessoas com 12 anos e de mais idade, em particular os idosos com co-morbilidades.
Revelou que, nesta segunda fase da Campanha Integrada, prevê-se vacinar contra o Sarampo, Rubéola, Pólio e Administrar a Vitamina A cerca de 3.348.000 crianças menores de cinco anos, e contra a Covid-19, cerca de 560.000.
A campanha integrada vai de 21 de Novembro a 4 de Dezembro, em dez províncias, designadamente, Luanda, Huambo, Huíla, Malanje, Lunda-Norte, Lunda-Sul, Moxico, Cuando Cubango, Cunene e Namibe.
Nas restantes províncias, a ministra explicou que vai ser intensificada a vacinação de rotina em crianças e a vacina contra a Covid-19.
Mais de 11 mil pessoas envolvidas na campanha
De acordo com os microplanos municipais, estima-se que a campanha envolve mais de 11.800 pessoas, entre técnicos e voluntários, organizados em cerca de 1.540 equipas de vacinação.
A supervisão, destacou a ministra, está garantida por 308 supervisores municipais de equipas, com 117 provinciais, 35 nacionais, contando com apoio de cerca de 48 técnicos de agências da Organização das Nações Unidas e de outras instituições.
Importa, igualmente, realçar que a campanha está a receber apoio técnico e financeiro dos parceiros internacionais, nomeadamente, da OMS, Unicef, GAVI, Nutrition International, CDC e USAID.
Em Luanda, segundo o vice-governador para o sector Político e Social, Manuel Gonçalves, estão mobilizadas 434 equipas de vacinação contra o sarampo, rubéola e poliomielite e administração da Vitamina A, além de 62 outras para a imunização contra a Covid-19.
Manuel Gonçalves assegurou que o Governo está a fazer tudo, para que a maior parte da população seja vacinada, com sentido de garantir uma taxa superior a 95%.
Unicef reconhece empenho de Angola
O representante-adjunto do Unicef em Angola, Andrew Trevett, reconheceu o empenho do Executivo, no envolvimento do direito das crianças. Por isso, felicitou o Governo pelos esforços que tem feito para assegurar a cada menor o direito à saúde, conforme estabelecido pela Convenção sobre os Direitos da Criança.
No mundo, apesar da comprovada importância que a vacina tem, referiu que os dados mais recentes mostram que cerca de 25 milhões de crianças ficaram sem uma ou mais doses de vacinas em 2021, enquanto outras 18 milhões nunca foram imunizadas.
Andrew Trevett afirmou que esta é a maior queda nas coberturas da vacinação de crianças, verificada nas últimas três décadas, onde quase 60% dos menores sem vacinas vivem em famílias de renda média e baixa.
A força da família na prevenção de doenças
Carla de Fátima tem 33 anos, é mãe de seis filhos, a primogénita está com 12 anos, o segundo tem dez e os últimos, um casal, de três e quatro anos, respectivamente. Contou que levou os filhos à vacinação, devido ao surto de sarampo, no bairro onde vive (Talatona).
“É necessário levar as crianças à vacina, para evitar o contágio de muitas doenças que têm aparecido”, disse Carla de Fátima.
A jovem cuida sozinha dos filhos, já que vive sem o pai das crianças. E, para garantir o sustento em casa, dedica-se à venda de peixe na praça da Mabunda (Samba).
A nossa equipa de reportagem passou por algumas unidades hospitalares de Luanda, onde estão a ser administradas as vacinas. Apenas no Hospital Municipal Talatona se registou uma enchente considerável.
Nos hospitais do Josina Machel, Cajueiros e Geral de Luanda, a adesão foi considerada fraca, por falta de conhecimento de alguns cidadãos.
Fonte: JA