O resultado foi influenciado pela queda dos lucros dos bancos BIC, BAI e BPC, que viram os resultados líquidos recuarem 92%, 45% e 44%, respectivamente. A isto associa-se também a queda das aplicações em títulos de dívida pública, uma vez que concentram grande parte dos investimentos da banca.
Os 21 bancos comerciais com os balancetes publicados contabilizaram, no primeiro semestre deste ano, um lucro conjunto de 357,2 mil milhões Kz (cerca de 427,1 milhões USD), o que representa um crescimento de 19% face aos 443, mil milhões Kz registados no mesmo período de 2023, de acordo com cálculos da imprensa com base os balancetes do II trimestre.
Os resultados da banca foram influenciados não só pela redução do volume de operações cambiais, mas sobretudo pela queda de 6% das aplicações em títulos de dívida pública, uma vez que concentram grande parte dos investimentos dos bancos, cerca de 32% do total dos activos da banca comercial. Quase todas as instituições bancárias registaram uma diminuição na carteira de títulos, sobretudo os grandes bancos.
“Se formos comparar a dívida detida pelos bancos no primeiro semestre, e comparado com o período homólogo, consegue-se ver uma redução na maior parte dos bancos. Aliado a isso, as taxas de juros mais baixas também contribuíram significativamente. Também as operações cambiais em volume caíram um pouco”, apontou o economista Mateus Maquiadi.
O mesmo pensamento tem o presidente da Associação Angolana de Bancos (ABANC), Mário Nascimento: “na base está a diminuição da margem financeira, devido à maior estabilidade cambial, associado à diminuição do ritmo de depreciação do Kwanza, que gerou menos resultados cambiais aos bancos, bem como a diminuição da aplicação em título de dívida pública em 6%, que proporcionam taxas de juros aos bancos relativamente altas, que não foram compensados pelas taxas de juros do crédito concedido, apesar do stock de crédito ter crescido 23%”.
Associado a isto está também o facto de os custos dos bancos terem estado a aumentar devido à carga regulatória e da adequação das suas estruturas à regulamentação do BNA.
Assim, Mário Nascimento argumenta que é necessário analisar a queda da carteira de títulos públicos em duas vertentes. Uma primeira é no facto de os bancos na gestão da sua liquidez, nomeadamente na gestão das suas aplicações e na decisão do aumento da carteira de crédito, podem não renovar a aplicação em títulos públicos, e associado a este facto, de o Tesouro Nacional do primeiro semestre não emitir títulos ao mesmo ritmo que fez no período homólogo.
O outro aspecto, segundo o presidente da ABANC é que os bancos, decorrente das restrições da regulamentação do BNA, começaram também a ter alguns limites na aplicação dos seus recursos em títulos públicos.
Além da queda da carteira de títulos de dívida pública, os números também foram influenciados pela queda dos lucros dos bancos BIC, BAI e BPC que empurraram os resultados agregados da banca nacional para baixo. O BIC, liderado por Hugo Teles, foi o que registou a maior queda no lucro. O banco liderado registou um afundanço de 92%, ao passar de 52,5 mil milhões Kz para 4,4 mil milhões, ou seja, menos 48,2 mil milhões Kz face ao período homólogo. Segue-se o BAI, liderado por Luís Lélis, que viu o lucro recuar 45% para 50 mil milhões Kz (menos 40,5 mil milhões Kz). Já o banco público BPC, liderado por Luzolo de Carvalho (CEO) perdeu 32,6 mil milhões Kz no primeiro semestre, ao contabilizar um lucro de 42,1 mil milhões quando no período homólogo contabilizou um resultado líquido de 74,7 mil milhões Kz, o que representa uma queda de 44%.
BFA volta a liderar lucros
O BFA, que durante muitos anos ficou conhecido como campeão dos lucros, voltou ao pódio no primeiro semestre, depois de perder a posição para o BAI…
Fonte: Expansão