O Presidente João Lourenço e o homólogo da França, Emmanuel Macron, têm hoje um encontro oficial, no Palácio do Eliseu, na cidade de Paris, capital da República Francesa.
A deslocação do Presidente angolano à residência oficial do líder francês marca o momento mais alto da visita de Estado que João Lourenço cumpre, hoje e amanhã, em Paris, com um programa intenso, a convite de Emmanuel Mácron.
Durante a reunião entre os dois Presidentes, será avaliada a cooperação bilateral, que remonta ao ano de 1982, devendo, num segundo momento, João Lourenço e Emmanuel Macron encabeçar as conversações oficiais entre as duas delegações, altura em que serão rubricados mais instrumentos jurídicos.
De acordo com a embaixadora de Angola em França, Guilhermina Prata, em declarações à imprensa angolana, os sectores prioritários para a cooperação são a Educação, Ensino Superior, Agricultura e Desportos. A diplomata destacou que, recentemente, ambos os países manifestaram interesse em expandir a relação bilateral para outras áreas, incluindo o domínio espacial.
Além disso, a embaixadora esclareceu que há um grande interesse de empresas francesas em explorar oportunidades de negócios no Corredor do Lobito, em Benguela.
Guilhermina Prata revelou, a propósito, ter recebido, na Embaixada, quatro titulares de empresas, que estão a preparar projectos para investir em Angola, especificamente no Corredor do Lobito. A embaixadora destacou que os empresários franceses reconhecem que, neste projecto ferroviário angolano, há um conjunto de valências que podem ser introduzidas, tanto no domínio da Agricultura como no sector Agro-Alimentar.
“Na verdade, isso proporcionará um volume de desenvolvimento não apenas para as províncias próximas, pois o projecto não deve ser visto de forma reducionista, é necessário incluir componentes acessórios que, de facto, agregarão mais valor ao projecto”, reforçou a embaixadora.
A visita de Estado de João Lourenço, afirmou Guilhermina Prata, é um motivo de orgulho para os angolanos e é fundamental para concretizar diversas questões na relação de cooperação entre Angola e França. Essas questões serão “plasmadas nos vários acordos a serem firmados”, facilitando assim o trabalho da missão diplomática.
A diplomata acrescentou que também haverá um fluxo maior na resolução de várias questões que preocupam os angolanos, mas também incomodam os franceses. A agenda é extensa e deve “aquecer” o bom ambiente nas relações entre os países, mesmo no actual clima extremamente frio de Paris, com as temperaturas a rondarem os 4 graus Celsius.
Visita ao Parlamento francês
Após o encontro com o homólogo Emmanuel Macron, o Presidente João Lourenço desloca-se à sede da Assembleia Nacional francesa, para um encontro com a líder do Parlamento, Yaël Braun-Pivet.
A seguir à presença na Casa das Leis, o Estadista angolano regressa, à noite, ao Palácio do Eliseu para participar no jantar oficial oferecido pelo Presidente Emmanuel Macron.
Na ocasião, está previsto um momento de discurso dos dois Chefes de Estado, sendo que o anfitrião deverá tomar inicialmente a palavra. Durante o seu discurso, o Presidente angolano vai abordar os assuntos prementes que lideram a agenda bilateral e internacional.
João Lourenço voltará, seguramente, a apontar para o facto de estar-se a viver num mundo cada vez mais conturbado, marcado por conflitos antigos que persistem e pelo surgimento de novas tensões em diversas regiões do Planeta.
A situação de instabilidade no Médio Oriente, particularmente o conflito entre Israel e o Hamas, também poderá ser mencionada pelo Estadista angolano, considerando as suas amplas repercussões regionais e o risco de escalada para uma preocupante confrontação entre vários países daquela volátil região.
Conflitos em África
Enquanto detentor do título de “Campeão da Paz e Reconciliação”, distinguido pela União Africana, João Lourenço fará, muito provavelmente, menção no seu discurso à sua visão sobre os conflitos prevalecentes no continente.
Nesse aspecto, será inevitável a referência à situação no Sudão e na RDC, com este último país à procura de desenvencilhar-se do grupo rebelde M23 por meio da negociação pacífica sob mediação de Angola.
Angola, neste contexto, tem trabalhado para ajudar a RDC e o Rwanda a encontrarem caminhos para o diálogo, visando alcançar a paz duradoura e permitir que se dediquem ao desenvolvimento económico e social dos seus respectivos países e das comunidades regionais em que estão inseridos.
Fórum Económico França – Angola
A agenda do Presidente da República para amanhã, segundo e último dia da visita de Estado a França, inclui a abordagem de questões de natureza económica. João Lourenço vai intervir no Fórum Económico França-Angola, que servirá como uma oportunidade para explorar novas possibilidades de negócios e parcerias entre os dois países.
O Chefe de Estado também vai realizar visitas a empreendimentos franceses focados em objectivos económicos, como uma central de valorização energética de resíduos, e à Cidade das Ciências e da Indústria.
Durante o encontro com empresários franceses, o Presidente da República convidará os homens de negócios a investir no mercado angolano, destacando o grande trabalho de Angola na criação de infra-estruturas básicas, com o objectivo de enfrentar os desafios da industrialização, e o conjunto de recursos naturais que podem desempenhar importância relevante nas relações bilaterais, como a existência no território nacional de minérios estratégicos e de grande procura pela indústria francesa, com realce para a electrónica.
O reconhecimento à importância do investimento francês em Angola e a abertura do país para encontrar as melhores opções, para que uma relação estável e de vantagens mútuas possa ser construída e preservada com a França, não deverá escapar, também, nas declarações do Chefe de Estado, no contacto com os empresários locais.
Assim como aconteceu durante a visita à Coreia do Sul, João Lourenço pode reiterar que Angola é “uma das principais economias emergentes do continente africano e, actualmente, a quinta maior da África Subsaariana”.
Investimentos agrícolas
O Chefe de Estado pode, ainda, incentivar as empresas francesas para investimentos no domínio da Agricultura, assegurando aos homens de negócios do país europeu que Angola possui uma vasta extensão de terras cultiváveis e tem em curso um programa de segurança alimentar que está a mobilizar a sociedade.
Na recente abordagem em Kampala, no Uganda, recorde-se, em que dirigiu a Conferência Extraordinária da União Africana sobre o desenvolvimento da agricultura em África, o Estadista angolano ressaltou a necessidade imperiosa da aposta no desenvolvimento agro-alimentar mundial, de modo que pode voltar a fazê-lo amanhã, no Fórum Económico França – Angola.
Projectos relevantes
João Lourenço tem sido muito incisivo, nos seus discursos, em relação aos investimentos feitos pelo país em termos de infra-estruturas de apoio à actividade económica, destacando aqueles que considera de relevantes, como é o caso do conhecido Corredor do Lobito, mas também a construção de plataformas logísticas em várias regiões do país.
Não deverá escapar, por isso, uma referência ao actual projecto de construção de uma nova zona franca na região da Barra do Dande, destinada à instalação de unidades fabris de empresas que pretendam ter em Angola uma base privilegiada de produção de bens, para o consumo interno ou para exportação.
Fonte: JA