A consultora Oxford Economics considerou hoje que a inflação em Angola, depois de bater o recorde de quase sete anos em Abril, com 28%, deverá continuar a subir, ultrapassando os 31% no final deste semestre. “Antevemos que a inflação atinja o pico de 31% em Junho, face ao período homólogo de 2023, e depois abrande para chegar ao final do ano com uma média de 23%”, escrevem os analistas do departamento africano desta consultora britânica.
Num comentário aos números da inflação de abril, divulgados esta semana pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a Oxford Economics escreve que “o contágio da aguda desvalorização do kwanza, no ano passado, vai continuar a sentir-se até ao próximo mês, com a contínua retirada dos subsídios aos combustíveis a colocar mais pressão sobre a inflação dos transportes”.
No comentário aos números, enviado aos clientes e a que a Lusa teve acesso, o departamento africano da Oxford Economics escreve que “a estabilização da taxa de câmbio nos 835 kwanzas por dólar e o declínio dos preços alimentares a nível mundial vai ajudar a estabilizar a inflação a partir do segundo semestre deste ano”.
A inflação em Angola voltou a aumentar em Abril, pelo 12.º mês consecutivo, registando uma variação homóloga de 28,02%, um máximo de quase sete anos, segundo o INE. A Folha de Informação Rápida (FIR) do Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN) indica que esta variação representa um acréscimo de 17,61 pontos percentuais em relação à observada em igual período do ano anterior.
Em Março, a inflação tinha atingido 26,09% em termos homólogos. Em Luanda, capital do país, os preços dispararam 38,87%, um acréscimo de 28,77 pontos percentuais em relação ao período homólogo. É preciso recuar a Junho de 2017, altura em que a inflação se situou em 30,51%, para encontrar um valor mais elevado, segundo as estatísticas do site Trading Economics consultadas pela Lusa.
O Banco Nacional de Angola aumentou a taxa de juro de referência em 100 pontos-base, para 19%, num contexto de rápido aumento da inflação e de crescimento da massa monetária, lembra a Oxford Economics, apontando que “sem sinais visíveis de redução da inflação, o contínuo crescimento da base monetária, e o acumular do excesso de reservas, o BNA deverá optar por aumentar as taxas de juro em mais 100 pontos-base e poderá também implementar medidas de contenção monetária esta sexta-feira”, na próxima reunião mensal do banco central.
Fonte: LUSA/AN