O ministro dos Transportes, Ricardo de Abreu, considerou, em Benguela, que a Agência de Facilitação de Transporte de Trânsito do Corredor do Lobito (AFTICL), inaugurada ontem, marca o início de uma nova fase de cooperação que permiti-rá converter as ideias em acções concretas para a crescente dinamização da infra-estrutura.
Ricardo d’Abreu discursava no acto simbólico de inauguração da infra-estrutura, realizada à margem da II Reunião do Comité de Ministros da Agência de Facilitação de Transporte e Trânsito do Corredor do Lobito.
O momento foi igualmente aproveitado para a aprovação de soluções inovadoras para o estabelecimento de infra-estruturas logísticas, outro ponto crucial que vai facilitar o trânsito de mercadorias entre a Zâmbia e a República Democrática do Congo, assim como de outros países da região.
A nova agência, localizada na cidade ferroportuária do Lobito, em Benguela, aliado aos demais projectos ligados à infra-estrutura, deverá potenciar o fluxo de bens, atrair indústrias, desenvolver o turismo e promover novas oportunidades de negócios, criando mais emprego e prosperidade para os países e povos da região.
Para se alcançar estes objectivos, defendeu o ministro, é imprescindível modernizar os processos, as comunicações e tecnologias de informação, simplificando os trâmites de trânsito de mercadorias no Corredor do Lobito.
Fomentar o comércio global
Ricardo d’Abreu descreveu o Corredor do Lobito como um catalisador para integrar África no comércio global, respondendo à crescente procura por minerais críticos e outros recursos abundantes na região.
Na verdade, enfatizou, o acto era a concretização de um sonho antigo para levar a bom porto os laços de cooperação entre os “nossos” países e abrir novas oportunidades para o desenvolvimento regional e intercontinental.
Reconheceu que o verdadeiro sucesso do Corredor do Lobito não se limita à construção de infra-estruturas físicas, porque o objectivo maior é a criação de impacto económico e social duradouro para o benefício de toda a região da África Austral e Central.
Melhoria da qualidade de vida das populações
Ao intervir, o ministro dos Transportes da Zâmbia, Frank Tayali, disse acreditar que a operacionalização em curso do Corredor do Lobito vai contribuir para a melhoria da qualidade de vida das populações da região e o desenvolvimento económico dos países envolvidos.
“Estamos num momento único de desenvolvimento do Corredor do Lobito, que é importante para facilitar o comércio, melhorar a conectividade e promover o desenvolvimento económico dos nossos países”, afirmou.
Frank Tayali frisou que à medida que se embarca nesta jornada de cooperação para a operacionalização do Corredor do Lobito, deve se lembrar que os esforços colectivos vão forjar aquilo que é o futuro da região, encorajando todos a partilhar informações em termos de discussões e trabalhar juntos para criar um corredor que sirva as comunidades e as economias dos países envolvidos de forma eficiente e sustentável.
“A Zâmbia está optimista de que o Corredor do Lobito vai reduzir o tempo de viagem e custos, sendo assim vai permitir que os bens e serviços possam fluir de forma eficiente, por meio do Porto do Lobito, e estimular as actividades económicas dos três países.
Redução dos custos
Por sua vez, Roger Tea – Biasu, em representação do ministro dos Transportes, Comunicação e Vias Navegáveis da República Democrática do Congo (RDC), Jean-Pierre Bemba Ngombo, afirmou que os custos de transporte de minérios reduziram significativamente com a utilização do Corredor do Lobito.
Para Roger Tea-Biasu, o Governo da RDC dá uma importância particular ao projecto de desenvolvimento do Corredor do Lobito, acrescentando que a abertura do Corredor era muito esperada pelos produtores de minérios da província de Catanga, pela curta distância de 1.675 quilómetros que separa Solowezi do Porto do Lobito.
A Sociedade Nacional e os Caminhos de Ferro do Congo encaminham neste corredor, através do Porto do Lobito, quase 120 mil toneladas de minérios explorados no país e 75 mil toneladas de inputs minérios que entram por ano.
Esse projecto transformador enquadra-se com o projecto de desenvolvimento económico da República Democrática do Congo, face aos custos de transporte que são reduzidos e, ao mesmo tempo, pela diversidade das economias encravadas do Leste, Centro e Sudoeste, pela via de transporte mais eficaz que poderá ser feita através deste projecto.
Para além das vantagens acima referidas, indicou, o Corredor do Lobito poderá ter um impacto significativo na preservação do meio ambiente, redução da emissão de gases de efeito estufa e, também, pela transferência de importantes quantidades de mercadorias das estradas para o Caminho-de-Ferro.
Corredor de desenvolvimento
Para além da transportação do minério da República Democrática do Congo (RDC) e da Zâmbia para o litoral de Angola, as autoridades de Benguela olham para o Corredor do Lobito como um corredor de desenvolvimento, afirmou, ontem, o governador provincial.
Manuel Nunes Júnior, que intervinha na cerimónia de abertura da II Reunião do Comité de Ministros da Agência de Facilitação de Transporte e Trânsito do Corredor do Lobito, disse que esta plataforma logística é um pólo de desenvolvimento.
“Vemos estas infra-estruturas ferroviárias e portuárias como um factor impulsionador para o desenvolvimento de toda esta região, que passa por Benguela, Huambo, Bié, Moxico e agora Moxico Leste, esta última como nova província”, disse.
Inauguração positiva
Ao referir-se da inauguração das instalações da Agência de Facilitação de Transportes e Trânsito do Corredor do Lobito, Manuel Nunes Júnior disse que é um ponto muito importante para o funcionamento desta agência, que vai aumentar o conforto e as facilidades do trabalho dos seus funcionários, bem como melhorar a interacção com todas as partes interessadas nesta actividade.
“Tudo que nós auguramos é que esta Agência de Facilitação de Transporte do Corredor do Lobito continue a jogar o seu papel de facilitação para que países como a Zâmbia, República Democrática do Congo, que não têm saída para o mar, utilizem sem quaisquer constrangimentos as infra-estruturas de logística e de transporte deste Corredor do Lobito, para escoar as suas mercadorias exportáveis”, disse.
Fonte: JA