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HiFly: o Voo rasante da TAAG

Resolvemos, por isso, investigar a Hi Fly para conhecer o modelo de negócio da companhia, os seus aviões e os seus proprietários. A informação obtida fica aqui disponível, para cada um dos nossos leitores possa formar a sua opinião.

A Hi Fly é uma empresa especialista em aluguer de aviões, a sua sede divide-se entre Portugal e Malta, embora, aparentemente, a maior parte das movimentações financeiras decorram em Malta e não sejam objecto de fácil consulta.

A frota é constituída por aviões Airbus, contando, segundo as informações da empresa, com dez A 330, um dos quais modelo A330-900neo, que está na companhia desde 2019, seis A 340 e quatro A 320, que são aviões mais pequenos. Portanto, uma frota de 20 aviões Airbus.

O modelo de negócio adoptado é o wet lease, que se traduz no aluguer de aviões com tripulação. É um modelo de baixo risco empresarial. Pelo que conseguimos apurar, a Hi Fly adquire, geralmente por leasing, aviões em segunda mão com o apoio de fundos de investimento, que depois aluga a companhias terceiras.

Na prática, a Hi Fly aluga um avião a uma entidade, o qual, por sua vez, depois de reformulado, é alugado a outra empresa, funcionando a empresa como uma espécie de intermediária de alugueres. Pelo menos é isso que sugere o modelo de negócio referente ao maior avião que possuíram, o gigante A 380, que pertencia à Singapore Airlines.

Este avião terá sido comprado pelo fundo de investimento alemão Doric e alugado à Hi Fly, a qual o alugaria a outras companhias. No caso concreto do gigante A 380, o negócio não terá corrido bem, uma vez que a Hi Fly já não o enumera na sua frota.

A questão essencial que o modelo de negócio da Hi Fly coloca em relação a Angola é a idade dos aviões e o facto de, aparentemente, a sua maioria, senão mesmo a totalidade, serem em segunda mão. Serão aviões antigos que sofrem actualizações quando entram na Hi Fly. Não se está com isto a dizer que não têm condições técnicas ou de segurança, pois nenhum piloto comercial profissional, como são os da Hi Fly, voaria em condições inseguras.

O que pode acontecer é que poderão apresentar mais incidentes e desgaste do que um avião novo. Basta referir o anúncio feito pela própria companhia nos últimos meses sobre a entrada de um “novo avião” na frota. Trata-se de um Airbus A330-200, com a matrícula 9H-HFH, de Malta, fabricado em 2008, portanto, com mais de 15 anos, e que já serviu a Air Europa, a Novair e a Hans Airways. A Air Europa já o tinha retirado de serviço em 2020.

Os donos da Hi Fly são a famosa família Mirpuri. Trata-se de uma família proveniente do Norte da Índia, radicada em Portugal desde 1975 e com vários negócios em Angola, sobretudo no sector dos transportes marítimos de mercadorias.

Em Portugal tiveram uma ascensão mediática feérica no início deste século com a companhia de aviação Air Luxor (fundada em 1988), que, entretanto, faliu. O seu responsável máximo era Paulo Mirpuri, que agora dirige a Hi Fly. Aparentemente, quando a Air Luxor entrou em falência e viu os seus aviões arrestados no aeroporto de Paris, Paulo Mirpuri, com sagacidade empresarial, já se tinha livrado dessa companhia e criado a Hi Fly, adoptando um modelo mais simples e sem riscos.

Paulo Mirpuri ainda é o líder da companhia. É licenciado em Medicina, obteve o brevet de piloto de longo curso nos anos 1980 e dedicou-se desde jovem à aviação. Parece ser tripulante de veleiros e escalador de montanhas. O advogado português António Garcia Pereira acusa Paulo Mirpuri de ser financiador ou apoiante do partido político português de extrema-direita Chega e do seu líder André Ventura .

Foi esta a informação essencial que reunimos sobre a companhia Hi Fly, que tanto tem desgostado os viajantes angolanos. Compete agora a cada leitor, a partir destes dados, procurar mais dados e tentar compreender o que se passa entre o ministro dos Transportes, a administração da TAAG e Paulo Mirpuri, o líder da Hi Fly.

Fonte: AN

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