Estudantes dizem-se surpreendidos com o aumento “galopante” das propinas nas IES privadas. MEA socorre-se ao PR enquanto MESCTI garante pronunciar-se nos próximos dias.
Frequentar o ensino superior nas instituições privadas do País está cada vez mais cara, dizem os próprios estudantes, após algumas universidades, de forma “relâmpago”, terem afixado novas tabelas de preço que anunciam a subida de propinas para o próximo ano académico 2023/2024.
Conforme os estudantes, que dizem as actualizações terem-nos apanhado de surpresa, tomaram conhecimento através dos anúncios afixados nas vitrinas e folhetos informativos, mas não tiveram justificação das unidades de ensino.
Por exemplo, na Universidade Jean Piaget de Angola, até ao ano académico 22/23, os estudantes de Enfermagem pagavam 45 mil Kz/mês. Com a subida, o valor chegou a 75 mil. Já para os estudantes de Medicina Dentária, a taxa era de 52.500 Kz e, a esses valores, na nova tabela foram incrementados mais 47.500 mil, ou seja, os futuros dentistas pagarão 100 mil Kz por mês.
Cálculos da imprensa indicam, por isso, que um estudante de Medicina Dentária na UNIPIAGET, num ano académico (10 meses de aulas), poderá gastar até um milhão de kwanzas, só em propinas, sem contar com as multas em caso de atraso.
Em cinco anos de formação, o estudante chega, por conseguinte, aos cinco milhões. Entretanto, um comunicado afixado na instituição dá conta que este aumento, que começa a vigorar no ano lectivo 23/24, afecta “exclusivamente” os estudantes que ingressarem naquela universidade pela primeira vez e isenta os antigos. Este semanário tentou contacto com a instituição, mas sem sucesso. Uma fonte da instituição garantiu à imprensa que a informação da actualização de propinas é real.
“Não houve reunião com os docentes, também não sabemos muito sobre o assunto. Apenas cumprimos ordens”. Já no Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola (ISPEKA), o aumento foi de 2.000 Kz para todos os cursos. Por exemplo, as licenciaturas em Ciências Sociais e Humanas custavam, antes, 23 mil Kz, na nova tabela ficaram em 25 mil Kz; em Ciências da Saúde e Engenharias de 25 para 27 mil Kz. À semelhança da Jean Piaget, os estudantes do ISPEKA também não foram avisados.
“A instituição não se dá ao trabalho de ouvir a opinião dos estudantes quanto ao assunto das propinas. Já estamos a alimentar-nos mal devido à subida dos produtos da cesta básica, agora também subiram as propinas.
Onde é que vamos parar?”, questiona Sofia Pedro, estudante do 3.º ano do curso de Ciências da Saúde. No Instituto Superior Politécnico Alvorecer da Juventude (ISPAJ), na área de saúde, as propinas saíram de 41.250 para mais de 65 mil Kz. Já no Instituto Superior Politécnico Internacional de Angola (ISIA), com a actualização da tabela dos preços, os estudantes dos cursos de Análises Clínicas e Medicina Dentária vão pagar 38.500 e 42.900 KZ, respectivamente, contra os anteriores 27.500.
Não é a primeira vez que as universidades privadas aumentam as propinas. Em 2021, o Governo, através de um decreto-conjunto dos Ministérios das Finanças, Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação, bem como Educação, autorizou o aumento dos preços das propinas a pagar pelos estudantes no valor de 25% para os ensinos privado e público-privado do ensino superior, apesar de, no ano 2020, já se ter registado um aumento de até 13%.
Na altura, o Decreto-Executivo-Conjunto n.º 420/21, de 14 de Setembro, justificou a actualização com a necessidade de “garantir o normal funcionamento do mercado de ensino face às recentes alterações das variáveis macroeconómicas”.
Fonte: NJ/AN