Órgãos de Comunicação Social então ligados a Isabel dos Santos, Tchizé dos Santos, Manuel Rabelais, Manuel Vicente e os generais Dino e Kopelipa, respectivamente, passaram para esfera do Estado em 2020, pelo facto de o Governo e a PGR terem concluído que os referidos meios tinham sido constituídos com fundos públicos nunca devolvidos. Em contrapartida, as autoridades prometeram reprivatizá-las, numa altura em que eram acusadas de concentrar a imprensa, visando afastar a oposição dos holofotes.
O encerramento da Rádio Global FM em Luanda já é notícia até em Portugal. Mas apesar de haver a garantia da manutenção do emprego dos jornalistas que vão para as rádios do universo Rádio Nacional de Angola, o facto coloca em cheque a moralidade do Governo, dado que, assim, falha uma de suas importantes promessas de que o arresto seria seguido por um processo de reprivatização.
Em 2020, a Procuradoria-Geral da República realizou uma série de arrestos em vários sectores da economia nacional, e o sector da comunicação social não foi excepção.
Entre os órgãos arrestados constam a Zap Viva, de Isabel dos Santos; a Palanca TV, ligada a Tchizé dos Santos, ambas filhas do antigo Presidente da República, José Eduardo dos Santos (já falecido); a Global Media, de Manuel Rabelais, ex-ministro da Comunicação Social e director do GRECIMA, bem como o Grupo Media Nova, dona da TV Zimbo, Rádio Mais e o Jornal O País, com ligações aos generais Hélder Vieira Dias ‘Kopelipa’, Leopoldino Fragoso do Nascimento ‘Dino’, e Manuel Vicente, este que foi vice-Presidente da República de José Eduardo dos Santos, entre 2012 e 2017.
O Governo e a PGR justificaram os arrestos com o facto de os referidos bens terem sido constituídos com fundos públicos nunca ressarcidos, tendo o Governo desdramatizado as acusações de que pretendia concentrar vários órgãos à sua volta visando afastar a oposição dos holofotes numa altura em que se aproximavam as eleições, com a promessa de que todos esses activos seriam reprivatizados.
Entretanto, passados mais de quatro anos não só os órgãos não foram reprivatizados como alguns passaram a ser encerrados, nomeadamente a Rádio Global FM e a Palanca TV, um facto que acaba por reduzir o leque de meios de comunicação social e a pluralidade em Angola.
Fonte: CK