
A 7.ª Cimeira União Africana-União Europeia deixou claro que a parceria entre os dois continentes não se faz apenas na base de um conjunto de ideias, mas, sobretudo, na base de acções concretas, desenvolvidas com grande dinamismo, com sentido prático e com resultados que impactam, de forma transformadora, sobre os respectivos povos, declarou, terça-feira, em Luanda, o Presidente em exercício da UA.
João Lourenço avançou a informação durante o discurso de encerramento da Cimeira entre os dois blocos continentais, que juntou na capital angolana, durante dois dias (24 e 25), vários Chefes de Estado e de Governo africanos e europeus, para traçarem um novo rumo na parceria entre as duas organizações, que já dura há 25 anos.
“Tenho a certeza de que sairemos daqui profundamente empenhados na realização das nossas decisões, por estarmos cada vez mais seguros de que este esforço conjunto que realizamos tem benefícios recíprocos notórios”, ressaltou o estadista angolano.
João Lourenço disse que este esforço conjunto aproxima, cada vez mais, os dois continentes, melhora a compreensão mútua e aprofunda o seu papel no concerto das nações como parceiros determinados a contribuir para a construção de um mundo mais equilibrado, de paz, de justiça e de prosperidade para todos os povos do Planeta.
O Chefe de Estado adiantou que as deliberações saídas do encontro reflectem uma visão colectiva profunda sobre os vínculos que unem os dois continentes, que disse estarem destinados e obrigados a caminhar juntos, a construírem entendimentos e a buscar, em conjunto, soluções para temas que fazem parte das suas preocupações comuns, como as questões ligadas à paz e segurança, prosperidade, migração e mobilidade.
“Ficou assente, entre nós, que a defesa de um multilateralismo eficaz continua a ser a nossa melhor esperança para construir um mundo mais justo, mais equilibrado, pacífico e próspero”, ressaltou.
João Lourenço frisou que um dos reflexos dessa evolução positiva das relações entre a UA e a UE, que se registou desde a Cimeira de Bruxelas, em 2022, pode ser vista nos resultados, que considerou muito positivos, alcançados no quadro da colaboração em matéria de paz e segurança.
Estes resultados, continuou, foi extensivo ao sector da saúde, no âmbito da cooperação climática e energética, no capítulo da transformação digital, no sector do comércio e investimento e no da mobilidade e migração.
O líder em funções da União Africana fez saber que os aspectos específicos dessas “importantes” conquistas estão reflectidos no Relatório de Implementação da Declaração da 6ª Cimeira, adoptado no quadro deste encontro de Luanda, o qual disse realçar os progressos alcançados, mas, também, reconhece as áreas em que são necessários progressos adicionais.
“O sentido crítico que vamos tendo sobre a colaboração entre nós e as acções que empreendemos conjuntamente permite-nos melhorar e aprimorar continuamente os nossos esforços de cooperação”, assegurou o estadista angolano.
João Lourenço ressaltou que este aspecto, ao qual atribuiu uma importância fundamental, está reflectido nos resultados deste Fórum, que disse ter terminado com êxito, espelhado na Declaração de Luanda sobre a Cimeira.
Estes resultados, destacou o Chefe de Estado, traduzem a vontade política dos dois blocos continentais de seguirem em frente por caminhos conjuntos que os levem a resultados que impactem positivamente no desenvolvimento e na melhoria das condições de vida dos povos de África e da Europa.
Neste âmbito, João Lourenço deu destaque ao facto das partes estarem de acordo sobre a necessidade de expandir a cooperação em matéria de paz e segurança, com vista à promoção de respostas conjuntas mais fortes de combate ao terrorismo e ao extremismo violento.
Este passo, esclareceu, está voltado, também, para a necessidade da intensificação da acção climática, incluindo o financiamento para a adaptação e resiliência e o apoio à transição energética africana, assim como reforçar os laços económicos com compromissos para impulsionar o investimento em infra-estruturas, manufactura e agricultura sustentável.
A iniciativa tem, ainda, como finalidade ampliar a mobilidade e os intercâmbios entre povos, para garantir que a migração seja segura, ordenada e benéfica para ambos os continentes, assim como promover o empo-deramento da juventude,
através da educação, do desenvolvimento de competências e de programas de empreendedorismo.
“Dissemos, muitas vezes, que a cooperação União Africana-União Europeia é dinâmica e que, por isso mesmo, pretendemos ir, sempre, para além do que já conseguimos realizar e traçar perspectivas que ampliem resultados e benefícios recíprocos e reforcem a nossa ambição comum de elevarmos para patamares cada vez mais altos os objectivos a serem alcançados”, frisou.
Próxima Cimeira entre UA e UE marcada para 2028 na Bélgica
A próxima Cimeira entre a União Africana e a União Europeia está marcada para 2028, em Bruxelas, Bélgica.
Sobre o próximo encontro entre as duas organizações continentais, João Lourenço disse que a convicção é que haja um maior alcance na visão partilhada entre os dois continentes, nos aspectos relativos à industrialização, comércio e investimento, financiamento sustentável, liderança em matéria de mudanças climáticas, parcerias digitais e de inovação e o reforço da acção colectiva no sistema multilateral.
Fonte: JA



