O Corredor do Lobito tem importância estratégica para o mundo, pois vai ligar os oceanos Índico e Pacífico, afirmou, recentemente, o Presidente da República, João Lourenço.
Em entrevista ao jornal norte-americano The New York Time, publicada quinta-feira, no quadro da visita do Presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou que para além de beneficiar Angola e o continente africano, vai encurtar a ligação entre a Ásia e a América.
“Se conseguirmos ligar os dois corredores, com certeza que o comércio mundial ganhará com isso, portanto, o tráfego marítimo será feito com mais facilidade, com maior segurança, em menos tempo e a custos mais competitivos”, realçou.
Segundo o Presidente, esta importância é ainda maior nos dias de hoje, quando se assiste a uma grande insegurança no Mar Vermelho, outra importante rota marítima para o comércio internacional, mas que, há um bom tempo se encontra numa situação de insegurança considerável.
“Mesmo que se venha a resolver a situação de segurança do Mar Vermelho, o Corredor do Lobito continuará, portanto, sempre em vantagem”, afirmou.
Esclareceu que o facto da corredor servir para exportar minerais bruto de países africanos não constitui nenhuma preocupação porque estas nações não têm ainda capacidade de transformar todos os recursos que detêm e extraem.
Sustentou que seria utópico dizer-se que a extração de minerais em bruto, de um dia para o outro, vai parar, que os países africanos vão prescindir de vender os seus minerais em bruto.
Embora, frisou João Lourenço, o ideal seria os países africanos terem esta capacidade de transformá-los aqui, maioritariamente, para adicionar valor, dar mais emprego à juventude, “mas isso não prescinde, em absoluto, da necessidade que ainda temos de exportar uma boa parte dos nossos mineiros em bruto”.
“Portanto, isso não nos assusta. Os mineiros hoje são exportados no nosso próprio interesse, no interesse dos próprios estados africanos. É uma situação que é bem diferente do tempo colonial, porque os colonos não tinham o nosso consentimento para tirarem daqui as nossas riquezas”, disse.
Em relação ao ganhos para Angola, disse que com o Corredor do Lobito o país vai impulsionar o desenvolvimento económico no geral, mas particularmente daquelas províncias por onde o caminho de ferro de Benguela passa, para além de que servirá também para a exportação de produtos agrícolas.
Apontou ainda o facto de favorecer o surgimento de indústrias ao longo do caminho de ferro de Benguela, assim como o país vai ganhar em termos de tarifas das mercadorias que passarem pelo território angolano com outros destinos, particularmente em direção aos países encravados da parte central da África.
Ainda em relação a importância deste equipamento, o Presidente angolano lembrou que o acordo de livre comércio continental necessita de infraestruturas, sobretudo, rodoviárias, portuárias e ferroviárias.
“Portanto, o Corredor do Lobito, no fundo, vem dar, de alguma forma, uma resposta a esta necessidade que o nosso continente tem da mais fácil circulação de bens entre os nossos países”, respondeu.
O Corredor do Lobito compreende a uma linha ferroviária que liga Angola à República Democrática do Congo (RDC) e à Zâmbia, permitindo o transporte de minerais e matérias-primas para os mercados globais.
A visita do Presidente Joe Biden está marcada para 2 a 4 de Dezembro, estando previsto um encontro bilateral com o seu homólogo angolano, em Luanda, e a deslocação à província de Benguela, sede das infraestruturas do Corredor do Lobito.
Fonte: Angop