Primeiro-ministro português cumpre hoje o segundo de três dias de visita a Angola. A avaliar pelos sorrisos, em Luanda, “irritante” entre os dois países sobre o caso de Manuel Vicente parece ser coisa do passado.
Em 2018, depois de um mal-estar entre os dois países, o Estado português enviou um processo judicial relacionado com o ex-vice-Presidente angolano, Manuel Vicente, para ser julgado em Luanda. Foi um pedido expresso de Angola. De lá para cá, o processo continua engavetado. Sobre ele, também não foi dita uma única palavra durante aquele que foi o primeiro dia da visita do primeiro-ministro português, Luís Montenegro, a Angola.
O “irritante” entre os dois países sobre este caso parece ser coisa do passado.
Esta terça-feira (23.07), ambos os países assinaram 12 instrumentos de cooperaçãoem diversas áreas, da administração interna à economia. Luís Montenegro disse que Angola é “um país irmão”. Angola quer uma cooperação mais veloz com Lisboa.
Mesmo assim, o caso de Manuel Vicente continua por resolver. Depois de Luanda se mostrar indignada por Portugal ter começado a instrução de um caso que envolve o antigo vice-Presidente angolano, acusado de corrupção, Lisboa enviou o processo para julgamento em Angola, em 2018. Volvidos seis anos, Vicente ainda não foi levado a tribunal em Angola.
Em entrevista à imprensa, o jurista Manuel Cornélio afirma que, “para Angola, foi uma vitória, mas para Portugal foi um certo desperdício. Obviamente que Portugal se submeteu ao desperdício na salvaguarda dos interesses económicos que tem com Angola”, diz.
Agostinho Canando, outro jurista angolano, acredita que a cooperação entre Angola e Portugal vai continuar, apesar do caso do ex-vice-Presidente. Ainda assim, diz à DW, preferia que o processo fosse julgado em Portugal.
“Essas cooperações acabam, muitas vezes, por atrapalhar o bom andamento dos processos, quer numa realidade quer noutra. E os casos que envolvem governantes angolanos ou figuras politicamente expostas da República de Angola em Portugal acabam por cair por terra sempre que envolve uma entidade portuguesa no meio”, afirma.
Fonte: DW