Angola e RDC partilham uma vasta fronteira terrestre e fluvial de 2.511 quilómetros caracterizada por um movimento migratório intenso de pessoas e bens. Situação que obriga Luanda a redobrar esforços de vigilância face à capacidade comprovadamente limitada das forças de defesa e segurança congolesas em controlar as suas fronteiras.
Os serviços de inteligência angolanos estão preocupados face à escalada do conflito militar entre o grupo rebelde M23 e as forças de defesa de Kinshasa, travada em várias zonas da República Democrática do Congo (RDC). A maior inquietação dos operacionais colectores de informação pretende-se, sobretudo, com a vasta e porosa fronteira que Angola partilha com o país vizinho, e que regista diariamente um enorme fluxo de pessoas e bens.
Angola, enquanto presidente da Região dos Grandes Lagos, tem há muito procurado estabelecer uma paz duradoura na RDC, mas os esforços não têm surtido o efeito desejado em parte pelo pouco esforço que as autoridades congolesas fazem para melhorar a performance técnica e militar de suas forças de defesa e segurança.
Na quinta-feira, 15, dois soldados do grosso de tropas sul-africanas destacadas na RDC no quadro da missão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), foram mortos e três ficaram feridos num ataque rebelde a uma base no Leste da RDC.
De seguida foram registados intensos confrontos que continuam até ao momento. A inteligência congolesa acusa o vizinho Rwanda de bombardear seu território a favor do grupo rebelde M23, mas o Rwanda nega.
Por cá, João Lourenço, a quem são destinadas informações sigilosas sobre os desenvolvimentos de defesa e segurança na Região dos Grandes Lagos, tendo em conta as suas funções, desdobrou-se em vários contactos, uma acção que espelha bem a agitação.
Convocou de emergência um encontro que teve lugar em Adis Abeba, Etiópia, à margem da 37.ª Cimeira Ordinária da União Africana. Antes o chefe de Estado angolano teve encontros separados com os presidentes da RDC, Félix Tshisekedi; e do Rwana, Paul Kagame.
Cálculos da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que o conflito, em pouco tempo, já terá deslocado cerca de 135 mil pessoas no leste do Congo.
No seu website, a ONU adverte sobre o perigo colocado por munições não detonadas, e sublinha haver “relatos de queda de bombas em áreas que estão abrigando cerca de 65 mil deslocados internos”.
Os novos confrontos acontecem na margem do Lago Kivu e seguem em direcção à capital da província do Kivu do Norte. Goma está situada a cerca de 25 quilômetros de distância do local onde ocorrem os confrontos, conta a ONU, que através de sua agência para refugiados, a ACNUR, lamenta que “uma vez mais, os civis suportam o peso da violência”.
Fonte: CK