Afinal a economia não cresceu 3,6% no I trimestre, em termos homólogos, como apontava o Governo no relatório de execução orçamental do I trimestre de 2024, divulgado em Maio pelo Ministério das Finanças. A melhoria do PIB deve-se à recuperação do sector petrolífero e à melhoria do comércio, ambos os sectores cresceram 6%.
A economia nacional cresceu 4,6% no I trimestre deste ano face ao mesmo período do ano passado, o que faz com que seja o melhor arranque num ano desde 2015, aquele que foi o ano que antecede um ciclo de cinco recessões económicas consecutivas (2016- 2020), de acordo com o relatório das Contas Nacionais Trimestrais do Instituto Nacional de Estatística (INE).
A empurrar a economia para cima está o petróleo e o comércio, ambos detém mais de 57% do peso do PIB. Os números oficiais divulgados esta semana pelo INE estão acima dos 3,6% antecipados pelo Governo, no relatório de execução orçamental do I trimestre de 2024, divulgado em Maio pelo Ministério das Finanças. Com este crescimento, a economia voltou a crescer acima do crescimento da população, que gira à volta dos 3,2% ao ano. Em parte, este crescimento é explicado pela melhoria do sector petrolífero, quando comparado ao I trimestre de 2023, já que em termos homólogos foi o sector que mais contribuiu para a taxa de crescimento do PIB, com 1,52 pontos percentuais. Assim, em termos homólogos, o Valor Acrescentado Bruto (VAB) do oil &gas cresceu 6,9% nos primeiros três meses do ano.
“A variação positiva do sector justifica-se pelo facto de ter registado aumento das quantidades extraídas de petróleo e de condensados em 9% e 76%, respectivamente, em relação ao período homólogo, que representam um peso pouco mais de 90%”, aponta o INE. No primeiro trimestre, Angola produziu cerca de 102,4 milhões de barris de petróleo, o equivalente a uma média diária de 1,13 milhões de barris, o que representa um crescimento de 4% face aos 1,08 registados no mesmo período do ano passado, de acordo com cálculos da imprensa, com base nos relatórios mensais da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG).
“O crescimento do PIB deve-se essencialmente à recuperação do sector petrolífero, já que no I trimestre de 2023 deu-se a paragem técnica em alguns blocos petrolíferos, facto que levou o sector a contrair 8% no período em referência. E no I trimestre de 2024 assistiu-se a um crescimento de mais 6%”, aponta o economista Wilson Chimoco, argumentando que é um desempenho considerável, e que poderá ser fundamental para um crescimento mais robusto no presente ano.
Há três anos consecutivos que o sector petrolífero e o comércio valem mais de metade do PIB nacional, o que faz com que Angola seja cada vez mais um país de comerciantes. Hoje, por cada 100 Kz de riqueza gerada no País, 30,4 Kz têm origem no sector de extracção e refinação de petróleo bruto.
Segue-se precisamente o sector do comércio, como segundo sector que mais contribui para a taxa de crescimento do PIB, com 1,08 pontos percentuais. O VAB do comércio também registou um crescimento de 6%, justificado pelo “aumento na produção dos produtos agrícolas, da pesca, dos bens manufacturados e importados”.
Ainda assim, o sector dos transportes e armazenagem foi o que mais cresceu, ao registar uma expansão de 19,4%, contribuindo, assim, com 0,7 pontos percentuais para a taxa de crescimento do PIB. “Este acréscimo é justificado por se ter registado um aumento no número de passageiros transportados nos principais ramos do sector, que detém um peso de mais de 90% na actividade do sector”, explica o INE.
Já o sector da agricultura (4,2%), diamantes (4,0%), construção (2,1%), pesca (0,5%) e intermediação financeira (10,2%) também registaram crescimentos homólogos. A empurrar a economia para baixo está a construção, que tem sido o sector mais afectado pelo ciclo negativo da economia angolana na última década. No I trimestre deste ano a construção caiu 3,1%.
Entretanto, em termos sazonais, na passagem do IV trimestre de 2023 para o I trimestre de 2024, a economia cresceu 2,1%. Para o final deste ano, o Governo aponta a um crescimento de 2,8%. As expectativas de crescimento económico do País são fundamentadas pela combinação entre a contracção estimada de 2,9% para o sector petrolífero, incluindo o gás, e pelo revigoramento do sector não petrolífero na ordem dos 6,0%. Já o Fundo Monetário Internacional (FMI) aponta para uma expansão do PIB em torno dos 2,6%, enquanto o Banco Mundial aponta a 2,8.%.
Fonte: Expansão