Publicidade
EconomiaNotícias

BNA injecta USD 150 milhões para importação de arroz e transacções privadas

O Banco Nacional de Angola (BNA) anunciou a disponibilização de 150 milhões de dólares ao mercado, com objectivo de aliviar a pressão cambial e garantir a importação de produtos essenciais.

Do montante total, 88 milhões de dólares serão destinados à importação de arroz, enquanto 60 milhões serão usados para liquidar transacções privadas junto aos bancos comerciais.

A medida, que ocorre em conformidade com um leilão realizado pelo Ministério da Indústria e Comércio, visa complementar a produção nacional de arroz e atender às necessidades de divisas para outras operações. No entanto, dois milhões de dólares, incluídos no montante, não tiveram o destino detalhado no comunicado do banco central.

O economista Eduardo Manuel avaliou a medida como um esforço do BNA para atender às necessidades dos agentes económicos em um cenário de pressão sobre as reservas internacionais líquidas (RILs), agravada pela oscilação do preço do petróleo nos mercados internacionais.

Segundo o economista, a disponibilização do montante permitirá aos importadores acesso a divisas para adquirir bens alimentares e suprir outras de- mandas, mas o seu impacto na taxa de câmbio será limitado. “O montante ainda não é suficiente para satisfazer à elevada procura e aliviar a pressão sobre as instituições bancárias, mas demonstra uma tentativa de reforçar a confiança do mercado e garantir alguma estabilidade”, destacou.

Redução da dependência de importações

Eduardo Manuel também sugeriu que o governo adopte medidas estruturais para fortalecer a produção interna de arroz e reduzir a dependência das importações. Recomendou a criação de linhas de crédito com juros bonificados, em parceria com bancos comerciais e internacionais, além de políticas fiscais que reduzam o imposto industrial e o IVA para empresas do sector agrícola.

A atracção de investidores estrangeiros também foi aponta- da como uma estratégia relevante. “A actuação dos consulados e embaixadas angolanas no exterior pode desempenhar um papel crucial para fomentar investimentos em projectos agrícolas, especialmente no cultivo de arroz, uma das principais bases alimentares do país”, explicou.

Apesar dos esforços para mitigar os efeitos da escassez de arroz, o economista alertou sobre o risco de inflação. “Além da forte procura e da limitada oferta, os custos de logística e armazenamento continuam a ser um grande desafio. Muitos empresários aumentam os preços para cobrir esses custos, o que pode afectar o poder de compra das famílias”, afirmou.

confiança do sector privado

Os 60 milhões de dólares destinados a transacções privadas também foram bem recebidos por Eduardo Manuel, que ressaltou o impacto positivo da medida na confiança do sector privado. “Ainda que o valor seja insuficiente para atender à forte demanda, essa injecção de divisas ajuda os bancos comerciais a diminuir tensões financeiras e cria um ambiente mais favorável para o desenvolvimento das actividades empresariais”, observou.

O economista concluiu enfatizando a necessidade de maior regularidade na disponibilização de divisas. “Se o BNA adoptar intervalos mais curtos para disponibilizar esses recursos, o sector privado terá mais confiança para planear e investir, reflectindo positivamente no desempenho geral da economia”, finalizou.

A medida do BNA, embora significativa, evidencia a necessidade de um planeamento mais amplo para reduzir a dependência de importações e resolver os gargalos na produção agrícola e no sistema logístico. Com a combinação de políticas cambiais, fiscais e de incentivo ao investimento, Angola poderá enfrentar os desafios económicos e assegurar uma maior estabilidade no fornecimento de bens essenciais.

Fonte: OPAÍS

Artigos Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Botão Voltar ao Topo