O Bloco Democrático (BD) diz que o processo de distribuição da riqueza está longe de ser participado e alargado, registando-se “uma profunda distorção na igualdade de oportunidades empresariais” que cria “enormes barreiras” ao desenvolvimento do País e e acusa o Executivo de João Lourenço de repetir os “fracassos” de José Eduardo dos Santos.
“Não há criação de empregos em grande escala, como forma eficaz da distribuição da riqueza. A ligação existente no País, entre a política e a economia, leva a proteger e a favorecer o grupo de poder em prejuízo dos que produzem bens transacionais”, refere um comunicado do Conselho Nacional do Bloco Democrático a que à imprensa teve acesso esta segunda-feira, 05, em que o partido considera que a actual situação política nacional é de crise em todos os domínios.
“O tecido produtivo continua pouco desenvolvido e são fracos os indicadores da diversificação e democratização da economia, incapaz de criar empregos e garantir a empregabilidade dos angolanos e a integração no mercado de todos os agentes económicos nacionais”, acrescenta o documento.
Em relação ao sector social, o documento refere que a crise é evidente e sem precedentes, sufocando a classe média e pobre, ao ponto de ter como figura forte e indesejável, o recurso de um número cada vez maior, de cidadãos ao caixote do lixo para se alimentarem.
“Assim, a economia nacional continua a ser extractiva, marginal e fortemente concentrada num produto de exportação, o petróleo”, refere o documento, acrescentando que a assistência médica e medicamentosa às populações não dá sinais de melhoria, apesar da construção de novas infra-estruturas hospitalares.
“As políticas públicas empreendidas pelo Executivo têm sido inconsequentes, sem nenhum efeito visível e benéfico para a vida das populações. Muitos dos fracassos da época de José Eduardo dos Santos, foram repetidos, com as mesmas consequências nefastas para as camadas mais desprotegidas e até as classes médias”, diz o documento.
Em geral, segundo o BD, a desesperança está instalada na sociedade, afectando particularmente a juventude, ao ponto de terem como único horizonte emigrar, “depauperando ainda mais o País que se vê privado dos quadros que forma e que tanta falta fazem ao desenvolvimento nacional”.
“Há no entanto, uma capacidade de resiliência em vários os sectores sociais e várias lutas têm sido desenvolvidas no plano cívico e trabalhista”, diz o BD, frisando que o País perdeu várias oportunidades que teve para congregar ideias, construir uma potência económica de dimensão atlântica e enriquecer os angolanos, viabilizando um ambiente saudável para todos os seus filhos.
No âmbito do Estado, o documento refere que as reformas empreendidas ou anunciadas tiveram e continuam a ter como fim a manutenção e, por vezes, o reforço do “Partido-Estado securitário, pivot da concretização de uma economia política de poder autoritária, contra a realização e fortalecimento do Estado de Direito que a Constituição prescreve”.
“O regime insiste em governar em ditadura, controlando de forma absoluta o espaço público, manipulando a comunicação social, bloqueando a institucionalização dos órgãos de poder local e pondo-se à realização das eleições autárquicas”, refere.
De acordo com o documento, o espaço de intervenção dos partidos políticos é cada vez mais reduzido.
No comunicado, o BD defende uma composição da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) que tenha uma representação dos partidos políticos, da sociedade civil e da igreja que lhe permita uma “verdadeira independência” com relação ao poder.
O documento faz referência que esta formação política continua a preparar as suas estruturas intermédias e de base assumindo o compromisso pela afirmação política e na busca de melhores soluções para os desafios do presente e do futuro.
Fonte: NJ