
Nos postos de abastecimento de Luanda, muitos mostraram-se indignados e admitem ter de repensar a utilização da viatura.
A subida dos preços do gasóleo apanhou os consumidores desprevenidos, com muitos deles a dizerem que agora estão obrigados a apertar o cinto e a refazer contas para controlar os seus gastos. Aumentos vão doer, sobretudo a quem se desloca da periferia para o centro de Luanda.
Após a subida dos preços verificada esta segunda-feira, o Expansão fez uma ronda por postos de abastecimento da capital do País, tendo constatado que a maior parte dos consumidores não esperava este aumento, apesar de no dia anterior ter circulado informação sobre o assunto.
Seteco Guengo vive em Viana e trabalha no Porto de Luanda. Antes da subida dos preços, gastava uma média de 18 mil Kz por semana, ou 72 mil Kz por mês. Com o agravamento dos preços em 50%, admite que os 108 mil Kz que vai passar a gastar o fazem repensar a utilização do carro particular. E até admite começar a fazer as denominadas “puxadas”, ou seja, utilizar a sua viatura para dar “boleia” a outras pessoas a troco de algum dinheiro, para ajudar a pagar o combustível do seu Toyota Prado modelo antigo.
A maior parte dos automobilistas abordados pela equipa de reportagem do Expansão mostrou- -se indignada com a subida do preço do gasóleo. Muitos negaram-se a falar. Mas os que o fizeram, sob anonimato, lamentaram que esta medida venha agravar ainda mais as condições já de si precárias da maior parte da população, num país onde a inflação é elevada e tem “comido” ano após ano os rendimentos das famílias.
Não foi o caso de Bernardo M., taxista que abastecia de gasóleo o seu Toyota Hiace, que habitualmente abastece com 20 litros. Antes gastava 4.000 Kz, agora vai gastar 6.000 Kz. Como não pode fazer reflectir no consumidor este agravamento dos preços do gasóleo – porque as tarifas fazem parte dos preços fixados pelo Governo – Bernardo admite recorrer a um mecanismo já antigo que, no fundo, acaba por fazer subir os preços dos viajantes: o encurtamento das viagens.
Esta quarta-feira, a Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT) veio a público dizer que o aumento do preço do gasóleo não vai repercutir-se nas tarifas dos táxis, avançando ter reunido com 11 associações e cooperativas de táxis. “Após uma avaliação conjunta, concluiu-se que não haverá alteração imediata nas tarifas vigentes, visto que a estrutura actual de custos já contempla a variação dos preços dos combustíveis, tanto para veículos a gasóleo, quanto a gasolina”, avançou a agência.
Quanto aos automobilistas com viaturas a gasolina, muitos admitiram recear que nos próximos tempos os preços também possam subir.
Fonte: Expansão