Com a entrada em vigor da nova divisão política e administrativa, a Icolo e Bengo, desanexada da capital Luanda, a par do Cuando oriunda do Cuando-Cubango e do Moxico Leste, que saiu do Moxico, foi elevada esta semana a província. Neste caso, Angola passa a contar com 21 províncias, contra as anteriores 18, resultado da institucionalização de mais três novas províncias.
Na vila de Catete, sede da província de Icolo e Bengo, a RFI conversou com Domingos Passarinho e Celso Manuel, dois moradores da localidade, que enumeram as dificuldades que a região atravessa.
Dizem que, apesar das dificuldades, estão expectantes quanto ao futuro da região que carece de energia eléctrica, água potável, escolas e hospitais públicos, assim como de mais emprego para os jovens.
Vivo em Catete desde o meu nascimento. Desde 2002 até hoje, nasci e cresci aqui. Um dos problemas da Icolo e Bengo é a falta de infra-estruturas.
Do novo governador da nossa província, já que Catete se tornou uma província, queremos mais melhorias em termos de energia, água e infra-estruturas para gerar mais empregos. Temos muitos jovens desempregados.
Há poucas infra-estruturas na questão da educação. Apesar de ser um município que passou agora a província, não tem universidade. É necessário deslocamento e esse deslocamento gera muitos gastos.
O formador Kiel Maria é morador do Zango, um dos municípios mais habitados da província Icolo e Bengo. Para o jovem, uma das dificuldades que o actual governador vai enfrentar nesta localidade tem a ver com o saneamento básico e as vias de acesso que, praticamente, não existem.
Claramente que o novo governador da província de Icolo e Bengo terá grandes desafios, porque existem grandes dificuldades. Um dos desafios será a água, energia, saneamento básico e as vias de acessos.
Infelizmente, para nós moradores do Zango e moradores do Calumbo, temos problemas nas vias de acesso para a província de Luanda, visto que a maioria de nós trabalha, exactamente, na província de Luanda e vivemos na província de Icolo e Bengo.
Esperemos que o novo governador preste maior atenção a estas questões que afligem a população do Zango e do Bengo, porque essa é a maior dor de cabeça.
Por sua vez, Auxílio Jacob, governador da província de Icolo e Bengo, está ciente dos desafios que tem pela frente, mas avisa que conta com o contributo de todos para definir as prioridades da região.
Nesta fase não devemos prometer nada, devemos sim perceber bem onde estamos, o que queremos e para onde queremos ir.
Se formos capazes, em conjunto, com as autoridades tradicionais, as comissões de moradores, os partidos políticos, os empresários, os fazedores de opinião, se todos nós em conjunto conseguirmos perceber o que é que a província de Icolo e Bengo, com os seus sete municípios, vamos poder determinar aquilo que são as acções prioritárias que vamos levar a cabo.
É importante que se oiçam as pessoas, de forma a que consigamos perceber que estamos a fazer aquilo que o povo quer, para evitar falsas expectativas.
O governante também sinaliza que, neste momento, trabalha na identificação dos problemas da província para depois responder às necessidades da população.
O que é importante agora é perceber a dimensão da província e identificar os grandes problemas que a província tem.
O que vamos fazer é rentabilizar as vantagens que estes territórios têm, fazer com que estas vantagens se reflictam na vida das pessoas, porque uma das coisas que lutamos sempre, enquanto servidores públicos, é fazer o bem.
Se conseguimos unir as pessoas, discutir as nossas diferenças, realizar aquilo que é a necessidade de todos nós, vamos ter uma província de Icolo e Bengo a brilhar nos próximos tempos.
Os cidadãos de todos os territórios que congregam a província de Icolo e Bengo, serão úteis em função da sua capacidade intelectual, vontade, disponibilidade e compromisso.
Todos eles vão ser chamados, para cada colocar uma pedra para erguermos essa província que queremos que, daqui a uns tempos, se afirme no contexto das 21 províncias que Angola tem agora.
Entretanto, a Lei da Divisão Política e Administrativa de Angola, aprovada em Agosto do ano passado, entrou em vigor esta semana. O ministro da Administração do Território, Dionísio da Fonseca, esclarece que criação de três novas províncias não tem nada a ver com a divisão do país, mas sim com a redução das assimetrias locais para aproximar os serviços públicos à população.
A divisão política administrativa não tem como finalidade dividir os povos de Angola, pelo contrário, a ideia é reforçar a consolidação da nossa nação e focar na redução das assimetrias locais e aproximar os serviços públicos às populações, promovendo o desenvolvimento harmonioso e equilibrado do nosso território.
A soberania do nosso território deve ser plena e ser plena significa termos a capacidade necessária para prestarmos serviço a todos os angolanos, independentemente do local que eles escolhem para viver.
A recém criada província de Icolo e Bengo conta, actualmente, com sete municípios, nomeadamente Bom Jesus, Cabiri, Cabo Ledo, Calumbo, Catete, Quiçama, Sequele e ainda 11 comunas adstritas a esta jurisdição.
Não é a primeira vez que Luanda é dividida em duas províncias. Em 1980, da capital angolana surgiu a província do Bengo. Passados 45 anos, Luanda volta a ser dividida dando origem a Icolo e Bengo.
Fonte: LUSA