
Angola destacou-se com notoriedade no Fórum Humanitário de Saúde, que decorre em Estrasburgo, França, ao apresentar avanços estruturantes na cirurgia robótica e na digitalização da saúde pública, consolidando-se como referência emergente no continente africano.
A delegação angolana, liderada pela ministra da Saúde, reafirmou o compromisso do Executivo, sob liderança do Presidente da República, João Lourenço, com a modernização tecnológica do Sistema Nacional de Saúde, promovendo maior eficiência, equidade e qualidade assistencial.
“A cirurgia robótica não é o futuro. É o presente! Angola está preparada para levar esta revolução aos quatro cantos do país”, declarou a ministra da Saúde durante o seu discurso no certame internacional.
No painel “Gestão Hospitalar na Era da Robótica”, Angola partilhou a sua experiência concreta de implementação da cirurgia robótica, com 28 procedimentos realizados com êxito desde o início do programa.
Esta conquista resulta de uma política pública visionária que aposta em tecnologia de precisão para reforçar a qualidade do atendimento hospitalar.
“Estamos a reduzir complicações, tempo de internamento e custos operacionais e as linhas finas de espera a que pacientes com problemas cirúrgicos complexos estavam sujeitos. Mas, acima de tudo, estamos a devolver qualidade de vida aos nossos cidadãos”, afirmou Benedito Quinta, director Nacional dos Hospitais.
À margem do Fórum, a delegação, chefiada pelo professor Job Monteiro realizou uma visita técnica ao Hospital Universitário IRCAD de Strasbourg, referência mundial em cirurgia minimamente invasiva, com o objectivo de reforçar a cooperação institucional no âmbito do *Projecto de Formação de Recursos Humanos em Saúde (PFRHS), financiado pelo Banco Mundial.
“Esta parceria com o IRCAD é transformadora. A formação de equipas cirúrgicas completas , cirurgiões, anestesistas, enfermeiros e técnicos , é essencial para garantir a autonomia e continuidade da cirurgia robótica em Angola”, destacou Job Monteiro, o também coordenador e Gestor Técnico do projecto.
A nota realça que a cirurgia robótica representa uma revolução na medicina moderna. Com intervenções de alta precisão, proporciona menor perda sanguínea, menos dor pós-operatória, redução do tempo de internamento e recuperação mais rápida, o que permite ao paciente retornar à sua vida activa e laboral em menos tempo.
Com aplicações já registadas nas áreas de urologia, ginecologia, ortopedia, cirurgia cardíaca e neurocirurgia, a cirurgia robótica em Angola começa a diminuir as longas listas de espera e a reduzir a necessidade de evacuação médica para o exterior, contribuindo para a sustentabilidade do sistema de saúde e a redução da saída de famílias do país, muitas vezes apenas para buscar melhores cuidados médicos.
“A cirurgia robótica responde directamente aos nossos desafios estruturais. À medida que nos tornamos mais autônomos, melhoramos os cuidados especializados o que permitirá levar medicina de excelência às regiões mais remotas do país”, reforçou o Djamel Kitumba.
A estratégia nacional aposta num modelo de formação híbrida (sanduíche), com 20% do treino no exterior, em centros internacionais de simulação como a IRCAD, e 80% realizado em Angola, com supervisão directa de especialistas em ambiente real de bloco operatório. Esta abordagem visa garantir a autonomia técnica das equipas angolanas no prazo de 6 a 12 meses.
A telecirurgia surge como solução para expandir o acesso às regiões mais afastadas, permitindo que equipas em hospitais centrais orientem remotamente procedimentos em zonas com limitada cobertura de especialistas, promovendo maior equidade e universalidade nos cuidados especializados.
Reconhecimento dos EUA e México
Angola foi elogiada por especialistas internacionais presentes no evento, incluindo representantes dos EUA, México e Panamá. O cirurgião norte-americano, referiu:
“Nos países desenvolvidos, realizam-se mais de 400 cirurgias robóticas por ano. Angola tem tudo para alcançar esse patamar em pouco tempo, com base nos avanços já alcançados”.
Entre os marcos mais notáveis, foi celebrada a realização de uma cirurgia robótica assistida remotamente a mais de 17.000 km de distância, um símbolo do potencial do país em telemedicina e saúde digital
Fonte: JA