A Associação Nacional dos Taxistas de Angola (ANATA) prepara-se para avançar com um novo preço para a corrida de táxi, depois de anunciado o fim das isenções em algumas classes profissionais a partir de 30 de Abril.
A proposta desta organização vai ser divulgada na terça-feira, dia 19, e depois será entregue ao Governo, com quem negociará o valor final que os passageiros vão passar a pagar.
A medida surge depois do anunciado fim da subvenção à gasolina, por via do Decreto Presidencial n.º 68/24 de 7 de Março, publicado na semana passada. O documento de João Lourenço aponta para o último dia do mês de Abril como a data limite para o fim dos cartões subvencionados atribuídos a taxistas, pescadores e agricultores.
O diploma justifica a eliminação desta medida de mitigação com “a necessidade de se salvaguardar os fins e efeitos da reforma dos preços dos combustíveis, prevenir distorções na formação de preços e garantir a sustentabilidade das finanças públicas”.
Uma medida que apanhou os taxistas de surpresa, segundo a ANATA, que antevê o agravamento de transtornos para quem faz uso deste transporte público. “Não houve qualquer comunicação e esta medida vai agravar os transtornos”, refere Francisco Paciente, presidente da ANATA. Perante este cenário, o líder dos taxistas defende o ajustamento do preço da corrida, actualmente de 150 Kz, embora muitos dos associados já encurtem o trajecto para cobrar mais aos passageiros.
“Deve-se ajustar a tarifa da corrida devido a esta situação e não só. As despesas com a manutenção das viaturas não param de subir e há ainda outras situações que dificultam a nossa actividade. Esperamos haver equilíbrio para salvaguardar os interesses dos taxistas e da população que depende deste meio para se deslocar”, defende Francisco Paciente.
Para o responsável, a actividade de táxi está em queda na ordem de 35%, e a Covid-19 veio agravar a situação, levando muitos investidores à falência.
Transporte já está mais caro
Em Luanda, a subida dos preços da corrida de táxi já não espanta o cidadão que depende do táxi todos os dias para se locomover por causa da especulação que existe nesta actividade.
Esta especulação foi motivada, segundo taxistas ouvidos pelo Expansão, pela diferença que havia na entrega dos cartões, sendo que os que chegaram a beneficiar dos subsídios à gasolina abasteciam os seus veículos a 160 Kz por litro e os que nunca conseguiram cartões pagavam 300 Kz.
A situação criou uma desordem nos preços da corrida de táxi, porque tanto os beneficiados e os não beneficiados com a subvenção aumentavam o preço a seu bel-prazer ou encurtavam as rotas para cobrar mais aos passageiros, defendem utilizadores deste tipo de transporte. Por exemplo, quem sai do largo do 1º de Maio para o município de Viana, o custo da viagem pode ficar no mínimo a 600 Kz, apesar de ser o mesmo táxi, devido ao encurtamento da rota. Noutros trajectos este valor aumenta, é o caso do percurso São Paulo-Benfica, viagem que pode ser repartida em 4 vezes: 1.º Maio – Congolenses, Bar, Estalagem e, por fim, vila de Viana. Ficando o paciente com um custo de 600 Kz pelo total da corrida e, às vezes, no mesmo táxi.
“As peças ficaram mais caras e os patrões já não estão a aceitar 15 mil Kz/dia, como era anteriormente. Agora estamos a entregar entre 25 a 30 mil Kz/dia e cobrando 150 Kz a corrida, com os gastos que temos da alimentação, combustível e as michas da polícia, não nos dá jeito”, explica Sérgio da Mata, taxista há 13 anos.
Fonte: Angola24h