Alunos do curso de pintura mostram talento e criatividade
Um total de 18 meninos com idades compreendidas entre os cinco e 17 anos, encerrou há dias, um curso básico de pintura, promovido pela escola de Arte Pedro Yaba, localizada no Benfica, em Luanda.
O resultado de um ano de formação, culminou com apresentação de trabalhos dos alunos em mostra colectiva, na sala de exposições da galeria, paralelamente à exposição permanente de uma colecção de quadros do artista plástico e mentor do projecto Pedro Yaba.
A actividade teve como fim o encerramento do “Ano Artístico” da instituição e serviu, igualmente, para a entrega de diplomas de frequência ao curso de pintura.
Pedro Yaba, fundador e professor de pintura da escola, mostrou-se satisfeito com a qualidade dos trabalhos, resultantes do processo formativo. Apelou aos mecenas e empresários, no sentido de investirem, também, nas artes plásticas, por ser uma disciplina que ajuda a criar empregos e a desenvolver o poder criativo das crianças e adolescentes.
Todo e qualquer tipo de habilidades nas crianças, frisou, devem ser melhor exploradas, por existir no país, jovens com muito talento e criatividade. “Pensamos muitas vezes que talento só existe em outras partes do mundo, o que não é verdade e a prova de tudo está no resultado dos trabalhos apresentados pelos alunos nesta exposição”, ressaltou.
Falta de investimentos
De acordo com Pedro Yaba a falta de investimentos no sector, tem sido um dos entraves ao próprio crescimento das artes plásticas, em especial, e das artes, no geral. “O problema é que existem poucos investimentos, nem valorização dos criadores nacionais que mesmo diante de dificuldades continuam a produzir em prol do crescimento das artes no país”, alertou.
O também artista plástico considerou a necessidade de prestar-se maior atenção às habilidades das crianças, tendo afirmando que “a arte é a primeira forma de expressão de qualquer ser humano”, por isso, acredita que “se houvesse maior observação e investimento dos encarregados de educação teríamos grandes talentos a brilhar na diáspora”.
O poder criativo
Depois da conclusão do curso, era visível a alegria e ansiedade dos alunos finalistas por mostrar tudo o que aprenderam ao longo da formação e agradecer o investimento feito pelos encarregados de educação. Pascoal António tem dez anos e apresentou um trabalho com base na história da figura do desenho animado Naruto Uzumaki, na qual atribuiu o título do quadro “Odair” (aquele que resolve todos os problemas).
Pascoal António revelou que este personagem é uma das fontes de inspiração e que as “batalhas” enfrentadas pelo Naruto, é um incentivo para a superação dos obstáculos. “Escolhi-o porque é uma inspiração e no decorrer da animação temos um personagem batalhador, que lutou muito para chegar onde chegou, por isso, pretendo fazer como ele, batalhar para alcançar os meus sonhos”.
O jovem sempre gostou de desenhar e conta que está na escola de artes, para aprimorar a técnica de desenho e a pintura. “A formação tem sido benéfica e gosto de estar a aprender coisas novas com os outros meninos. A adaptação foi difícil, mas quem faz por gosto mais facilmente supera os obstáculos da vida. É bom quando um pintor partilha as experiências com outras pessoas e poder mostrar o resultado do que aprendemos na galeria”.
“Flores de Jasmim”
Inspirado nas coisas da natureza, a pequena Kuiva Hespanhol de 12 anos, expôs um quadro, o qual intitulou “Flores de Jasmin”, inspirada na história de vida da amiga Jasmin. Disse que sempre gostou de pintar e sonha ser uma artista conceituada ao nível do mestre Pedro Yaba. Comunicativa e sempre bem-disposta, Kuiva Hespanhol incentiva os pais a colocarem os filhos numa escola de arte para aprenderem a desenhar e desenvolverem outras habilidades performativas.
Clemilde Tomás de cinco anos de idade apresentou um trabalho sobre a história da personagem “Unicórnio da Milde”, tendo afirmado que é dos seus bonecos favoritos. Clemilde Tomás disse que pretende continuar nas artes plásticas e que o desenho agora faz parte da sua rotina. “Gosto de estar aqui na escola de arte, pintamos, brincamos e tem sido muito divertido”.
Incentivo dos pais e encarregados de educação
Valquíria Moniz, mãe de um dos alunos, disse que o filho, Aquiles Cardoso, de sete anos, em Julho, passou a demonstrar uma inclinação para o desenho. “Fazia rabiscos e às vezes chapava tudo com lápis no papel e fomos observando o talento. Meu pai foi arquitecto, talvez seja uma herança deixada por ele” referiu sorridente.
Valquíria Moniz aconselha os encarregados a colocar as crianças a fazer o que realmente gostam “as crianças devem desenvolver a habilidade com as quais nasceram, e não a serem impostas a fazer algo só porque o pai ou a mãe quer” concluiu.
A iniciativa de colocar o filho numa escola de artes plásticas foi uma sugestão da mãe. “A avó pegava nos desenhos do neto e os colocava no estado do whatsapp, até que, um dia, o Pedro Yaba observou, achou interessante e sugeriu que a inscrevêssemos no curso”, contou.
A mãe da Kuiva, Josina Hespanhol, revela um ce-nário parecido com o da filha: “Ela ficava sempre no quarto a pintar, quando vi, espantei-me com o ta-lento. Depois ela mesma quis estudar, então procuramos a escola e apesar do pouco tempo de curso, houve muita evolução”.
Sem palavras para descrever o quão bom é ver o quadro da filha numa mostra colectiva, o pai Mário Hespanhol está feliz pelos resultados apresentados: “é bom investir em algo e ver os frutos, antes víamos alguns rabiscos no papel e hoje um quadro com qualidade. É realmente incrível e espero que ela no futuro seja uma grande artista e nos dê muito orgulho”.
Fonte: JA