A imprensa apurou que o vídeo de apresentação do projecto do teleférico vazou indevidamente para as redes sociais, o que levou o Governo Provincial de Luanda a apressar a apresentação pública. Mas o projecto ainda não foi aprovado e o Ministério dos Transportes diz mesmo que desconhece os pormenores do mesmo.
Uma imprudência no circuito de produção do vídeo de promoção levou a que todos os angolanos soubessem do projecto do teleférico de forma não planeada, uma vez que a ideia era proceder à sua apresentação quando estivesse aprovado. Mas a verdade é que o vídeo foi colocado a circular em alguns grupos das redes sociais, gerou uma enorme polémica e comentários muitos desfavoráveis, o que levou o GPL e os promotores a avançarem para uma apressada apresentação pública, mesmo antes da sua aprovação.
Importante também dizer que não se trata de um teleférico turístico, mas de transporte de pessoas com o objectivo de melhorar a mobilidade urbana no centro da cidade. Por isso, deverá cair na tutela do Ministério dos Transportes, sendo que a resposta que à imprensa obteve junto da tutela foi peremptória: “Pelo que o MINTRANS sabe foi somente promovida a apresentação deste projecto pelo GPL. O MINTRANS não tem qualquer projecto desta natureza nos projectos de melhoria integrada da mobilidade de Luanda! Não temos informação sobre os custos totais do projecto, custos de manutenção, necessidades técnicas, particularmente energia, nem projecções de fluxos, nem implicações intermodais! A iniciativa de apresentação foi do GPL.”
Percebe-se, desde já, que existe aqui um problema de tutela, embora neste momento seja o GPL que está a comandar o projecto. Os promotores são a Casais Angola e a Doppelmayr, uma empresa austríaca que possui know how nesta área, sendo que na prática será a responsável pela operacionalização das linhas e das cabines (gôndolas), e a Casais pela construção das infraestruturas. Estão há seis meses a fazer estudos com os técnicos do GPL, sendo que o projecto apresentado resume uma primeira opção, considerada mínima, mas que pode crescer para outros pontos da cidade.
Em termos temporais, se o projecto for aprovado nos próximos 30 dias passará depois por todo o circuito operacional nos diversos ministérios, as obras poderão começar no final do ano e o teleférico poderá estar em funcionamento no 1.º semestre de 2027. No limite, tendo em conta que este mandato presidencial termina em Agosto de 2027, e que a ser aprovado este projecto poderá ser um trunfo eleitoral do actual governo, a aprovação tem de acontecer até o final do ano.
Projecto pago pelos contribuintes
Apesar de todos os esforços do Expansão, não foi possível confirmar o valor do investimento necessário para pôr o teleférico de Luanda a funcionar, um “segredo” que, dizem-nos, só será tornado público quando o projecto for aprovado. Ainda assim sabe-se que será o Estado a pagar, será o dono do projecto, o que na prática significa que são os contribuintes que vão pagar. As boas notícias é que os promotores garantem que já existe um sindicato bancário que empresta o valor necessário para concretizar o projecto, embora também não tenha sido possível apurar em que condições será feito este financiamento.
O teleférico que está para aprovação inclui duas linhas com cinco estações – Bungo/São Paulo/Cidadela/ Largo das Escolas e Largo das Escolas/Catambor (Prenda). A primeira com um pouco mais de 4 km e a segunda com 1,8 km. Na verdade quatro linhas, porque haverá sempre gôndolas a circular nos dois sentidos. Em termos práticos, haverá estações ao nível do solo, onde os passageiros entram e saem, e a circulação será feita num máximo a 45 metros do solo em gôndolas suspensas nos cabos. Serão 160 gôndolas a circular ao mesmo tempo, o que fará com que a frequência de passagem das gôndolas nos locais de embarque será de aproximadamente de 30 segundos.
De acordo com os promotores, poderão transportar cerca de 8.000 passageiros/dia, o que corresponde à lotação de cerca de 150 autocarros. Cada gôndola terá capacidade para transportar 10 pessoas, e uma zona central que poderá levar pequenas cargas. De acordo com os estudos apresentados, o tempo da viagem mais longa, entre o Bungo e o Catambor, com troca de gôndola no Largo das Escolas, poderá levar cerca de 15 minutos. Conforme a afluência, é também possível acelerar ou diminuir a velocidade de circulação das gôndolas. Também ficou definido que não irão circular à noite e que diariamente as gôndolas serão recolhidas e guardadas num parque de estacionamento a construir para o efeito, junto à estação do Bungo.
Fonte: Expansão