A conferência sobre o tema “Origens Africanas do Brasil Contemporâneo: Histórias, Línguas, Culturas e Civilizações”, do o antropólogo brasileiro Kabengele Munanga, em alusão ao Dia de África, reuniu sexta-feira, no hotel Epic Sana, em Luanda, vários académicos, membros do Executivo e convidados nacionais e estrangeiros.
Durante a conferência, várias questões foram levadas em torno do tema em debate. O académico Ngana Sengui a Ndala interrogou o conferencista sobre como os povos africanos que estão na diáspora, em particularmente no Brasil, preservam as suas identidades.
O investigador brasileiro, em resposta, disse que durante a estadia no Brasil, teve um professor que lhe ensinou a manter as suas origens e identidade numa única frase. “O professor que me formou em antropologia aconselho-me que como africano o que tinha que aprender do ocidente era a ciência e a tecnologia, pois que já possuía Deus e religião. E com essa frase consegui assumir a minha identidade e vivo isso tanto no colectivo como no individualismo”, referiu Kabengele Munanga.
Já André Sibi e Pedro Maria questionaram ao orador sobre o caminho para acabar com o neocolonialismo e trazer o equilíbrio entre o novo pensamento de África nas relações interligadas com o resto do mundo.
O conferencista ressaltou que para acabar com o neocolonialismo e ter um equilíbrio, devemos ter consciência, saber o modelo de sociedade que queremos construir e os principais desafios. “Enfrentamos dificuldades em recursos financeiros, naturais que nos obriga a ter relações com outros países que querem contribuir e trazer algumas contribuições tecnológicas”.
No fim do primeiro momento, Amílcar Peris perguntou como Kabengele Munanga consegue adaptar a nova realidade. O orador disse, que em algumas vezes, teve que viver a realidade do Brasil. “O povo brasileiro tinha uma visão muito diferente de África, mas precisei me definir para mostrar a minha essência e continuar a defender a nossa ancestralidade. Os descendentes de África na diáspora foram alienados e levaram tempo para poder se adaptar”.
Muitos jovens que estão fora do continente berço, acrescentou o conferencista, têm uma capacidade para ajudar no crescimento dos países que pertencem, mas por questões de sobrevivência preferem permanecer no estrangeiro “Somos resultados de uma história de colonização que deixou legado totalmente negativo e temos que lutar contra esses princípios”.
No segundo momento, sugiram mais questões. António Boa questionou se o tráfico de escravo e a colonização são responsáveis pelo subdesenvolvimento de África. Kabengele Mu-nanga respondeu que o subdesenvolvimento do continente começou com o tráfico negreiro, salientando que o segundo momento é a colonização.
“A pilhagem das riquezas e das matérias primas das terras africanas utilizaram mão de obra colonizadas no seu próprio território, que produziram riquezas e plantações, para o desenvolvimento das economias ocidentais. Este foram os dois momentos importante na história da humanidade e no subdesenvolvimento do continente”.
Por último, Hariana Verás preocupada com os recursos de África que como a população jovem, referindo que o ocidente tem como estratégia a dominação dos jovens, e procurou saber o que fazer para resgatar esses recursos para as suas origens.
O orador reforçou que se deve conscientizar a sociedade e a juventude, sendo o futuro de uma nação, acrescentando que os mais velhos devem ter a consciência de maneira a deixar um país de esperança.
Fonte: JA