Publicidade
NotíciasPolitica

PR alerta para perigo de um mundo sem regras e pede cessar-fogo imediato na guerra da Ucrânia

O Presidente da República aproveitou esta terça-feira, 11, a abertura do 9° Conselho Consultivo do Ministério das Relações Exteriores, para alertar para o perigo de um mundo sem regras, que considera “extremamente perigoso para todos, mesmo para os que se consideram mais fortes e invencíveis”.

João Lourenço lembrou a posição assumida pela China e pela Federação Russa no sentido de definir uma nova ordem mundial, sem nomear nenhum dos países – referências a essa questão podem ser consultadas aqui aqui -, deixando claro que Angola entende que “a construção dessa nova ordem mundial a partir da ordem vigente não pode ser a qualquer preço, com a perda de milhares de vidas humanas, do aumento significativo de deslocados, de refugiados, da destruição das infra-estruturas e do património dos países, do aumento da fome e da pobreza dos povos ou, pior ainda, da iminência do eclodir de uma guerra nuclear que acabaria com a vida no planeta Terra”.

“Um mundo sem regras é um mundo extremamente perigoso para todos, mesmo para os que se consideram mais fortes e invencíveis”, sublinhou, sendo que em pano de fundo está o ensejo de Pequim e Moscovo em fazer evoluir a actual ordem mundial baseada em regras que foram ditadas após a II Guerra Mundial pelos vencedores ocidentais do conflito, especialmente os EUA, assente na ONU, Banco Mundial, FMI, etc, para uma ordem mundial multipolar e assente na cooperação entre iguais, procurando dar ao “sul global” uma preponderância geoestratégica que nunca teve nestes quase 80 anos face ao predominante e hegemónico “ocidente alargado”.

Mas apontou a urgência de alterar o xadrez que comanda o mundo nos dias de hoje, desde logo o Conselho de Segurança das Nações Unidas, apontando para a necessidade de “reestruturar o Conselho de Segurança das Nações Unidas garantindo a presença, como membros permanentes, de regiões do planeta hoje excluídas como a África e a América Latina e do Sul”.

A voz destes continentes e regiões “não pode ser negligenciada porque pode ser determinante na tomada de decisões das questões fulcrais como a paz e a segurança, segurança alimentar, defesa do Ambiente, saúde pública e outros que têm a ver com a sobrevivência de todos a nível global”.

E apontou para alguns dos pontos quentes no mundo que inquietam Angola, porque ainda há pouco tempo “nada fazia crer que hoje estivéssemos a viver uma realidade mundial tão complexa e perigosa como a actual em decorrência da guerra entre a Rússia e a Ucrânia e o aumento da tensão entre os Estados Unidos da América e a República Popular da China sobre Taiwan”.

“O fim da Guerra Fria, que parecia ser o prenúncio de uma nova era de paz para a Humanidade, não trouxe consigo, como podemos testemunhar, a harmonia e a concórdia universal almejada por todos os povos do mundo, pois não deixaram de se registar conflitos por razões sempre ligadas aos interesses de uns sem ter em conta os interesses de outros”, lembrou.

Notou ainda que, em Luanda e no resto do mundo acompanha-se “com muita preocupação o eclodir da guerra da Rússia contra a Ucrânia e a anexação de territórios de um país independente, situação que Angola condena”.

#Apelamos a um cessar-fogo imediato e incondicional, para se criar o ambiente para o início de negociações para o estabelecimento de uma paz duradoura e se evitar o escalar de uma guerra que já causou a maior crise humanitária, alimentar e energética que o mundo conhece desde o fim da II Guerra Mundial em 1945 e por representar a maior ameaça à paz e segurança mundiais, pelo envolvimento directo e indirecto das maiores potências internacionais”.

E focando-se no continente africano, disse que este “enfrenta inúmeros conflitos armados, alguns internos e outros entre países vizinhos”, para apontar de seguido o esforço que Luanda tem feito para ajudar a “debelar os conflitos que afectam seus países, para que dialoguem, negoceiem a paz e assim passarem a dedicar todas as energias e recursos disponíveis ao serviço exclusivo do desenvolvimento económico e social de seus países”.

“A região dos Grandes Lagos, que abarca um considerável número de países, é bastante rica em recursos minerais, hídricos, florestais e terras aráveis, cujo desenvolvimento vem sendo adiado ao longo de décadas pela instabilidade quase permanente que ali reina”, disse.

“As populações desses países não estão a beneficiar deste grande potencial existente. Embora no leste da RDC actuem vários grupos, abre-se hoje uma janela de oportunidade para o acantonamento, desarmamento e reintegração dos elementos do M23”, conrinuou.

E acrescentou: “Com o respeito do cessar-fogo em vigor há cerca de um mês, tudo deve ser feito para a efectivação, de facto, dos passos necessários, com a urgência que o caso requer para não se perder esta janela de oportunidade que se abriu”.

Sobre o desempenho da diplomacia angolana…

… João Lourenço realçou que, nos últimos anos, esteve virada para a sensibilização de Governos, entidades públicas em matéria de cooperação, empresários e potenciais investidores, para mobilizar financiamentos, atrair investimento privado, reforçar a cooperação e parcerias, bem como reposicionar Angola no contexto de África e do mundo.

Segundo João Lourenço, citado pela Lusa, este esforço enquadra-se na estratégia de promoção do desenvolvimento económico e social angolano, através da captação de investimento estrangeiro directo na economia nacional, por via do qual pretendem diversificar a economia, aumentar a produção interna de bens e serviços, as exportações, criar mais empregos e melhorar as condições de vida da população.

O chefe de Estado angolano destacou que, apesar da pandemia da covid-19 ter limitado durante cerca de dois anos, os resultados que se pretendiam alcançar, aos poucos os parceiros internacionais “têm focalizado as suas atenções” no mercado angolano, “na sequência da melhoria significativa do ambiente de negócios que hoje é mais favorável ao investimento privado”.

“As nossas missões diplomáticas e consulares devem prestar uma atenção particular a uma diplomacia económica, divulgando de forma direccionada a alvos concretos as grandes potencialidades económicas do nosso país, a legislação aprovada nos últimos anos, para remover ou diminuir a burocracia e outros entraves, combate que se vem travando contra a corrupção e a impunidade, o programa de privatização de importantes activos do Estado por via de concurso público e outras importante medidas já assumidas e que estão a dar resultados positivos”, apelou João Lourenço.

Às embaixadas angolanas, o Presidente angolano exortou trabalho para atrair investidores em todas as áreas da economia angolana, realçar o potencial agrícola do país, “que nesta crise alimentar pode contribuir para a redução do défice, aumentando a produção de alimentos a exportar”, bem como destacar o potencial energético de Angola, capacidade de exportar hidrogénio verde e de produzir as baterias para os carros eléctricos como contribuição para a redução das emissões do carbono.

Por intermédio dos diplomatas angolanos, acrescentou João Lourenço, “o mundo precisa de saber que Angola aderiu à Iniciativa da Transparência nas Indústrias Extractivas e que os investidores têm assim maior garantia de transparência na concessão das licenças de exploração, produção e comercialização de todos os nossos recursos minerais”.

João Lourenço pediu igualmente facilitação no processo de emissão de vistos para os homens de negócios e todos os cidadãos estrangeiros que pretendam fazer turismo ou conhecer Angola.

“Esta é uma condição fundamental para a necessária abertura do país ao investimento directo estrangeiro e ao turismo internacional”, disse, acrescentando que “a vinda ou não das grandes cadeias hoteleiras e dos grandes operadores turísticos internacionais depende muito do bom ou mau trabalho exercido por vós, de quem temos a obrigação de cobrar resultados e responsabilizar”.

Fonte: NJ

Artigos Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Botão Voltar ao Topo