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Mulher dá à luz e abandona bebé no leito do rio Cavaco

Um recém-nascido, do género masculino, com três quilogramas e meio de peso, foi abandonado na manhã de terça feira, no leito do rio Cavaco, na Zona F, arredores da cidade de Benguela, por uma desconhecida, soube o Jornal de Angola, junto de uma autoridade tradicional da região.

O soba do bairro Caromburaco, que prestou a informação ao Jornal de Angola, disse que tomou conhecimento do caso às 6h30, através de várias testemunhas, sobre a existência de uma criança junto do leito do rio Cavaco e, dada a pertinência do assunto, “desloquei-me de imediato para o local, onde constatei a triste realidade.”
Pedro Jamba disse que notou que o bebé fora abandonado à madrugada e os moradores da zona aperceberam-se através de vestígios de sangue que havia ao redor da criança, o que chamou atenção das pessoas que na altura passavam pelo local em direcção às suas áreas de actividades. 
O responsável da comunidade comunicou às autoridades locais e de imediato foi constituída uma comissão multi-sectorial, integrada por elementos do Serviço de Investigação Criminal (SIC), Administração Municipal de Benguela, Instituto Nacional da Criança (Inac), Gabinete Provincial da Acção Social, Família e Igualdade do Género e Instituto Nacional de Emergências Médicas de Angola (INEMA), que prestou todo o apoio para estabilizar a condição de saúde do recém-nascido.
Perante o triste acontecimento, as autoridades tradicionais e coordenadores de bairros periféricos realizaram um encontro no sentido de identificarem a mãe da criança, mas os entendidos na matéria são de opinião que a mulher deu à luz no local, onde acabou por abandonar o próprio filho.
A criança foi abandonada no leito do rio Cavaco, numa altura que o caudal se encontra sem água, por ser tempo seco, em que não há quedas de chuvas, disse o soba Pedro Jamba, sublinhando que, se fosse na época chuvosa, “a criançateria sido arrastada pelas águas e a província perderia mais uma vida humana.”
O Jornal de Angola soube que o Gabinete Provincial da Saúde de Benguela vai continuar a prestar os cuidados primários de saúde à criança, que neste momento se encontra sobre a responsabilidade de um centro infantil, tutelado pelo Gabinete Provincial da Acção Social, Género e Promoção da Mulher.
Para o jurista Chipilica Eduardo, este é um fenómeno social que deve ser melhor estudado, para identificar as reais razões que estão na base deste comportamento, visto que não é o primeiro caso em que uma mãe abandona a própria criança na via pública.
Em seu entender, cabe aos órgãos de investigação criminal, autoridades tradicionais e outros membros da sociedade auferirem quem é a verdadeira autora desse caso que contraria os bons costumes e o respeito pela dignidade das pessoas.
Já o ambientalista Martins Domingos, considera que a sociedade continua doente e está muito distante de praticar o amor ao próximo, como orienta e se deveria esperar por parte de uma boa cidadã virtuosa.
“Este comportamento mostra claramente que estamos perante uma pessoa de carácter e perfil contrários de quem realmente é uma verdadeira angolana, que ama a sua pátria e respeita a vida de outrem”. 
Benguela continua a registar prática recorrente de bebés abandonados, disse Martins Domingos, para quem se torna importante que os sobas tenham o controlo de mulheres em estado de gestação, onde vivem, a forma como fazem as consultas pré-natais e fazer um acompanhamento até à realização do parto, para acabar com tais situações.

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