Há cada vez mais angolanos a emigrar para o estrangeiro em busca de uma vida melhor. Portugal e Brasil são os principais destinos. Porque é que se assiste a esta “fuga de cérebros”? A DW foi à procura de respostas.
Todos os dias saem cidadãos de Angola em busca de uma vida melhor fora do país. A alta taxa de desemprego jovem (56,7%) é uma das razões que leva muitas pessoas a emigrar. Mas há outros motivos para esta “fuga de cérebros”, diz o especialista em assuntos internacionais Nkinkinamo Tussamba.
“Quando você tem emprego, você não ganha em condições. Os professores, por exemplo, até hoje continuam a reclamar e isso vai impulsionando os cidadãos a sair do país”, explica. Além disso, ainda há muitos problemas no acesso à educação e à saúde.
“A questão da falta de atendimento nos hospitais públicos, a ausência de quadros qualificados nos hospitais e a falta de material para que aquele médico ou enfermeiro qualificado possa realmente atender condignamente o paciente”, exemplifica Nkinkinamo Tussamba.
A lista de problemas é grande. É por isso que cada vez mais cidadãos deixam o país. Segundo dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) de Portugal, nos últimos cinco anos, a comunidade angolana quase duplicou.
No ano passado viviam em Portugal mais de 30 mil angolanos; em 2017, eram menos de 17.000. Nos últimos meses, terão também aumentado as solicitações de cidadãos angolanos para entrar no Brasil. De acordo com o consulado do Brasil em Angola, houve mais de 12 mil pedidos de visto de outubro de 2022 a janeiro deste ano. Vida lá fora “não é um mar de rosas”.
Mas a vida fora do país não é um mar de rosas, lembra Esperança Viegas.
A cidadã angolana, a morar em Portugal, diz que, no estrangeiro, há compatriotas que chegam a viver “situações piores” do que no próprio país.
“Na expetativa de encontrar melhores condições sociais do que aquelas que se vive em Angola, tem havido cada vez mais indicadores que dão conta de angolanos a viverem em situação irregular, que têm a ver com a situação de regularizar a sua situação de emigrante, resultando assim na falta de emprego e situações precárias”, conta.
Angola só fica a perder com esta “fuga de cérebros”, comenta Nkinkinamo Tussamba. Mas, segundo o especialista, muitos jovens deixaram de ter esperança: “Sobretudo nas instituições públicas e isso, por si só, denota um ponto negativo.
” Como possível solução, Tussamba aponta a adoção de políticas públicas para melhorar os setores da educação e da saúde. Além disso, criar mais postos de trabalho será fundamental para impedir que os jovens saiam do país.
Fonte: AN