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Cazenga: Onda de assaltos atormenta moradores e “gangues” criam terror nos bairros

Nos últimos meses a onda de assaltos no município do Cazenga, um dos mais populosos da província de Luanda, tem crescido de forma assustadora, cenário que já não acontecia há anos, e a preocupar os munícipes dos bairros do Tala-Hady, Vila Flor, BCA, Curtume, Hoji-ya-Henda e 11 de Novembro que pedem mais presença policial por considerarem que a criminalidade se tornou insuportável.

As autoridades policiais têm conhecimento da situação, mas, segundo os populares, nada fazem para inverterem o quatro.

O administrador municipal, Tomás Bica, diz que o Cazenga terá nos próximos tempos um Comité de Segurança Pública para auxiliar o comando municipal da Polícia Nacional na identificação, prevenção e combate à criminalidade, mas os munícipes dizem ser apenas “show off”.

Enquanto isso, os moradores dos bairros do Tala-Hady, Vila Flor, BCA, Curtume, Hoji-ya-Henda, Vila da Mata e Novembro querem reforço da presença policial no interior dos bairros para manter a ordem pública e devolver a tranquilidade às pessoas. Os moradores dizem que a onda de criminalidade se tornou insuportável há meses, e, mesmo com as reclamações feitas junto da polícia, nada tem sido feito.

No bairro do Tala-Hady, por exemplo, como apurou o Novo Jornal, os assaltos são praticados à luz do dia e na sua maioria por jovens motoqueiros armados. A rua “A” próxima à 12.ª esquadra de polícia, a área conhecida por “Escola Grande”, e o entroncamento da ex- Fiaco, na 5.ª Avenida, são as zonas de maior risco de assalto no Tala-Hady.

Rufino Maria, morador, diz que todos aos dias há assaltos nas ruas do Tala-Hady, praticados por motoqueiros fortemente armados, e que a polícia tem conhecimento da situação. “Os assaltos estão de mais. Estamos a ser assaltados à luz do dia na presença das pessoas, e o que nos surpreende é que os marginais não estão a esconder-se, sequer.

São rostos conhecidos e a polícia sabe disso, mas nada faz”, lamentou. Na zona da BCA, na 5.ª Avenida, os mototaxistas dizem ser as vítimas, facto que gera discórdia entre os populares, que acusam os motoqueiros de serem eles, muitas das vezes, os assaltantes.

Márcio Alfredo, Mauro Gomes, nomes fictícios, mas ambos moradores da BCA, contam que apanhar uma motorizada na paragem da BCA é um autêntico perigo: “Fomos assaltados quatro vezes por motoqueiros que fazerem serviços de táxi”. David Monteiro e Bernardo Domingos, dois mototaxistas com quem o Novo Jornal conversou, disseram que existem marginais que se fazem passar por passageiros e que acabam por assaltar os mototaxistas. Cenário idêntico vivem os mototaxistas e moradores do Bairro Hoji-ya-Henda.

Se no Tala-Hady e Hoji-ya-Henda os assaltos são praticados nas ruas, o mesmo já não acorre com os bairros do Curtume e 11 de Novembro. Na zona do Hospital Municipal do Cazenga “Somague”, no distrito urbano do 11 de Novembro, os funcionários do hospital, assim como os próprios pacientes, não têm tido tranquilidade. Contam os funcionários daquela unidade sanitária que são, às vezes, forçados a negar assistência médica aos pacientes que se dirigem àquela unidade feridos, fruto das lutas entre as “gangues”.

Sob anonimato, alguns funcionários disseram que os grupos acabam por invadir o banco de urgência para resgatarem ou fazerem justiça por mãos próprias a elementos de grupos que aí se encontram feridos ou a receberem assistência médica.

“A polícia nem sempre chega a tempo, nós é que temos de fugir para proteger as nossas vidas. No ano passado um jovem foi morto dentro do hospital, porque o grupo rival veio acabar com ele”, contaram. Um dos seguranças do hospital contou que às vezes a Polícia faz o possível para travar as lutas, mas os “gangues” parece que não têm respeito pela vida.

Moradores dizem que os assaltos são à porta do hospital e às vezes debaixo do olhar da própria polícia, que nada faz

No bairro do Curtume, as lutas entre grupos e os assaltos ocorrem diariamente, facto que aterroriza os habitantes e faz com que muitos moradores abandonem as suas residências. No sentido de obter uma reacção das autoridades policiais, face às queixas dos munícipes, o Novo Jornal contactou o porta-voz da Polícia Nacional em Luanda, superintendente Nestor Goubel, mas sem sucesso.

O administrador municipal do Cazenga, Tomás Bica, disse na semana passada, durante um almoço de confraternização com os órgãos de defesa e segurança no Cazenga, que está preocupado com a situação de segurança pública e de criminalidade no Cazenga.

Segundo Tomás Bica, deve decretar-se tolerância zero a estas práticas nocivas que têm atormentado várias famílias no Cazenga e não só. “Não podemos aceitar que, de forma reiterada, adolescentes lutem nos bairros com catanas, facas, garrafas, paus, etc, de dia e de noite, sob o olhar sereno dos pais, encarregados de educação e outros, sem sequer usar o poder enérgico de repressão para debelar esse mal”, disse o governante.

Tomás Bica assegurou que administração que dirige vai em breve apresentar uma proposta ao comando municipal da Polícia, sobre a criação do Comité Municipal de Segurança Pública, que visa contribuir para a resolução de alguns problemas no que à segurança pública diz respeito.

Entretanto, alguns munícipes do Cazenga dizem ser apenas um “show off” do administrador, para impressionar a população, e pedem a máxima intervenção da Polícia Nacional na resolução do problema de segurança pública que os inquieta.

Fonte: AN

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