
O general na reserva Higino Carneiro anunciou a sua intenção de se candidatar à liderança do MPLA, defendendo a valorização das bases, o “fim da bajulação” e a renovação interna do partido.
“Manifesto ser pré-candidato e apresentarei a minha candidatura à presidência do MPLA, formalizando-a junto dos órgãos competentes que forem criados para a realização do IX Congresso Ordinário”, escreve Higino Carneiro num manifesto político a que a agência de notícias Lusa teve acesso, justificando a decisão com o “clamor de inúmeros militantes de base e dirigentes de todos os escalões”.
A carta aberta dirigida aos “camaradas e compatriotas”, com 39 pontos, apresenta uma proposta de “revitalização profunda” do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), começando pela devolução do poder de escolha aos militantes.
“Temos de instituir eleições nesses níveis, e a decisão deverá sempre ser dos militantes, que têm que eleger quem mereça o seu voto”, afirma, criticando nomeações automáticas dentro da estrutura partidária.
Defende ainda que o partido deve “romper com a cultura do silêncio, da bajulação e do ‘sim, Chefe'”, promovendo a crítica e autocrítica como “atos de coragem política e de respeito pelo povo”.
“Um futuro melhor”
O antigo ministro das Obras Públicas e da Administração do Território e ex-governador de Luanda e Benguela compromete-se com uma visão reformista, apelando ao “ressurgimento da militância ativa” e ao “regresso dos que se afastaram”, convidando os angolanos para a reconstrução da “mística ganhadora” do partido.
“Quero inspirar esperança – porque Angola precisa, mais do que nunca, de acreditar num futuro melhor”, refere no manifesto.
Higino Carneiro sublinha ainda que não age movido por ambição pessoal ou conflito interno:
“Esta minha decisão não se baseia numa agenda de ambição, perseguição ou ódio com quem quer que seja. A minha futura candidatura é uma convocação à unidade, ao reencontro e à fé nos princípios que nos trouxeram aqui”.
O manifesto surge cerca de um mês depois de o Presidente angolano e líder do MPLA, João Lourenço, ter rejeitado publicamente qualquer apoio a candidaturas internas à liderança do partido, numa entrevista à Televisão Pública de Angola (TPA), em 09 de junho.
Fonte: AJ