Obama ataca medidas de Trump e apela aos cidadãos

Barack Obama desferiu esta semana um duro ataque a Donald Trump, com muitas críticas às políticas seguidas pelo Presidente dos Estados Unidos e um apelo aos cidadãos e às empresas para não se resignarem perante injustiças ou erros.
Numa intervenção no Hamilton College, em Nova Iorque, o antigo Presidente dos EUA (2008-2016) destacou que “o cargo mais importante” na democracia norte-americana “é o cidadão, a pessoa comum que diz ‘não, isso não está certo’” e conjeturou como seria a reação pública se tivesse adotado alguma medida similar às de Trump durante a sua presidência.
“Imaginem se eu tivesse feito uma coisa destas… Imaginem se eu tivesse retirado as credenciais da Fox News do corpo de imprensa da Casa Branca. Vocês riem-se, mas é isto que está a acontecer”, frisou, em alusão à decisão da administração americana de retirar as credenciais da agência Associated Press por se recusar a designar o Golfo do México como Golfo da América, conforme Trump defende.
No entanto, Barack Obama foi mais longe e lembrou as restrições levantadas contra a contestação de medidas adotadas pela administração do atual Presidente. “Imaginem se eu tivesse dito aos escritórios de advogados que representavam as partes descontentes com as políticas da minha administração que não seriam autorizados a entrar nos edifícios governamentais”, disse.
E apontou ainda outros exemplos, como na saúde ou na educação. “Vamos punir-vos economicamente por discordarem do Affordable Care Act [lei federal que reformou o sistema de saúde e ficou conhecida como Obamacare, ao providenciar cuidados médicos a baixo custo para milhões de pessoas]”, frisou, continuando: “Vamos excluir estudantes que protestam contra as políticas”.
Para o antigo Presidente democrata, as suas observações não pressupõem uma visão partidária da política americana e argumentou com valores outrora consensuais na sociedade americana. “É inimaginável que os mesmos que agora se calam tivessem tolerado um comportamento como este da minha parte ou da parte de muitos dos meus antecessores. Digo isto não de uma base partidária; isto vem de algo mais precioso: quem somos nós enquanto país e que valores defendemos”.
Por isso, Obama desafiou os cidadãos, perante o momento atual do país, a mostrar que “não basta dizer que se é a favor de alguma coisa” e que “é preciso fazer algo e, eventualmente, sacrificar-se um pouco” para salvaguardar aquilo que considerou fazer parte da identidade americana.
“Dizemos que somos pela igualdade, estamos a lutar por ela? Dizemos que somos a favor do Estado de Direito, será que vamos continuar a sê-lo quando é difícil, não quando é fácil?”, questionou.
Fonte: LUSA