O anúncio da visita do Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, a Angola está a deixar os cidadãos e políticos da África do Sul com ciúmes, por entenderem que o chefe da Casa Branca devia incluir a Nação Arco Íris no seu itinerário em África, dado o seu poderio económico na arena global.
Entretanto, analistas rebatem a ideia e afirmam que a visita de Biden a Angola “não é um desprezo pela África do Sul”.
Citados pelo The Citizens, os especialistas em relações internacionais esclarecem que a visita de Biden a Angola destaca prioridades estratégicas e não um desprezo pela importância da África do Sul.
De acordo com o jornal sul-africano, a viagem do Presidente Joe Biden a África, quando visita Angola, rica em petróleo, em Dezembro, não deve ser considerada uma afronta à África do Sul, considerada a potência económica do continente.
A primeira visita a Angola de um presidente americano, agendada para Dezembro, depois de ter sido adiada neste mês de Outubro, de acordo com os analistas, a África do Sul continua a ser o parceiro estratégico dos EUA, apesar das tensões, devido às mudanças na dinâmica política global da multipolaridade.
O Director da empresa de avaliação de riscos de mercados, RiskRecon, Kingsley Makhubela, disse que os EUA “ainda veem a África do Sul como estratégica, apesar da tensão”.
“A visita de Biden a Angola centra-se principalmente no corredor de ligação ferroviária do Lobito que ligará o Cinturão do Cobre na Zâmbia e a estratégica República Democrática do Congo (RDC), rica em minerais, com o porto do Lobito em Angola”, esclareceu Makhubela.
O especialista reitera que a África do Sul permanece no radar estratégico dos EUA.
Já o defensor Sipho Mantula, investigador da Escola Africana de Assuntos Públicos e Internacionais Thabo Mbeki da Universidade da África do Sul, disse que a viagem de Biden a Angola deve ser vista como “parte dos EUA nas Relações com África”.
“Devemos compreender que Angola faz parte da importante estrutura de mediação de segurança sobre a situação da RDC e do Ruanda”, disse Mantula.
“Angola desempenha um papel fundamental, porque os EUA querem estabilizar a RDC através de Angola – com impacto na região mais ampla dos Grandes Lagos”, continuou.
Contudo, uma visita de Biden à África do Sul neste momento seria pouco provável, devido a postura do Governo sul-africano, contrário as escaladas das guerras Rússia-Ucrânia e no Médio Oriente, bem como a participação daquele país no BRICS, num momento em que os EUA querem fortalecer a sua influência no continente africano.
Boas relações entre África do Sul e Angola
“A África do Sul, que faz parte do Conselho de Paz e Segurança da União Africana, continua a desfrutar de boas relações com Angola.
“Tal como outros países da SADC [Comunidade de Desenvolvimento da África Austral], boas relações também são observadas nos cidadãos locais que não necessitam de visto quando visitam Luanda”, disse, acrescentando que “a visita de Biden também deve ser vista como um seguimento da cimeira EUA-África – uma visita histórica para a SADC – e uma importante reunião bilateral entre os dois países.”
Fonte: CK