O jurista Agostinho Canando disse que o político Abel Chivukuvuku entrou no Conselho da República como cidadão. Esta quarta-feira, o Chefe de Estado indicou-lhe como seu conselheiro no órgão de consulta do Presidente da República.
João Lourenço tem a prorrogativa constitucional de indicar dez cidadãos para um cargo na referida instituição. Canando explicou que os líderes dos partidos políticos têm acento no Conselho da República quando têm representatividade parlamentar.
“O doutor Abel Epalanga Chivukuvuku, pelo gabarito social, acima de tudo político e pelo conhecimento do país que ele tem por dentro e por fora, devem ser estas as motivações que estiveram por detrás da sua nomeação como Conselheiro da República pelo Presidente da República. E não ainda por conta do PRA-JA”, defendeu.
A UNITA disse, recentemente, que a legalização do PRA-JA pelo Tribunal Constitucional visava “desestabilizar a Frente Patriótica Unida (FPU)”.
A indicação de Abel Chivukuvuku para o cargo do Conselho da República está a gerar outras interpretações. O jurista e jornalista Jaime Azulay, residente em Benguela, explicou à Rádio Correio da Kianda as implicações do debate.
“Essa suspeita de que existe um acordo secreto entre o presidente João Lourenço e um dos ícones da oposição angolana, o senhor Abel Epalanga Chivukuvuku, para mim isso é no mínimo intrigante. E se nós levarmos isso para as teorias do jogo de xadrez, podemos dizer que qualquer jogador mediano sabe de antemão que um jogo de xadrez excessivamente arrumado por vezes fica dependente de uma única peça que uma vez atacada pode fazer desmoronar o jogo completo”, argumentou.
De qualquer modo, acrescentou o advogado, as situações que giram em torno de Abel Chivukuvuku vão aumentar o seu capital político em Angola.
“Isso para dizer claramente que uma aproximação ou parceria entre João Lourenço e Chivukuvuku surgida por iniciativa e necessidade estratégica do actual presidente comporta também uma dose de elevado risco, sobretudo pelos anticorpos que uma aliança dessa natureza desencadeia no próprio interior do MPLA“, vincou.
Fonte: CK