Parece fazer parte do passado o susto provocado pelo sismo de quarta-feira, 05, Dia Mundial do Ambiente, com epicentro no Namibe, mas fica a lição relativa à importância da comunicação e prudência no regresso à normalidade, sendo Benguela, onde o tremor de terra sacudiu dezenas de edifícios, um exemplo deste alerta. Especialista lembra que, geralmente, após fenómenos do género, ficam peças soltas em edifícios que sentem o abalo. Pede-se mais informação a respeito destas ocorrências.
O sismo, de magnitude 5.4 na escala de Richter, considerada moderada, levou ao desmaio, na cidade das Acácias Rubras, mais de 25 pessoas, sobretudo alunos de edifícios com mais de cinco andares.
Num dos prédios, o colégio Williete, a imprensa testemunhou a intervenção do Instituto de Emergências Médicas, que atribui ao Instituto Nacional de Meteorologia a responsabilidade pelo regresso à normalidade poucas horas depois.
“Tudo foi com anuência do INAMET, nós, como técnicos, fizemos a nossa parte, prestámos assistência médica e medicamentosa”, indicou fonte hospitalar ligada às Emergências Médicas.
Por aqui nasce a preocupação do especialista em ambiente João Buaio, que partiu do afastamento das placas que sustentam o planeta, enquanto ponto-chave para explicar as causas, para defender a tese de que “algo nos edifícios poderia não estar devidamente fixo”.
De acordo com o geógrafo, algum material poderia não estar bem fixo, e, estando solto, provocaria danos materiais e humanos.
“Deve-se ter muito cuidado, também em relação à desinformação. Defendo, num apelo às autoridades, informação mais precisa, mais célere e análise profunda deste fenómeno”, assinalou o técnico.
João Buaio acrescenta que momentos como este ajudam a olhar também para a qualidade das obras, realçando que edifícios com cinco ou mais andares, principalmente aqueles que albergam escolas, devem possuir saídas de emergência.
“Portanto … estes sismos resultam do movimento das placas que sustentam o planeta, não são estáticas”, concluiu.
Kwanza Sul, Huambo, Bié e Huíla também sentiram o tremor de terra
Em Benguela, foram ouvidos relatos no centro e na periferia, assim como no Luhongo, município da Catumbela, e no Chongoroi, único município do interior da província.
Há três anos, eram munícipes da Ganda que diziam ter sentido “algo a passar sobre o chão”, mas em tempo inferior aos 15 ou vinte segundos do tremor registado nesta quarta-feira.
A esse propósito, o geólogo João Uvi, olhando para o mapa geológico, fala em situação normal na região do litoral.
“Não é de grande preocupação, é de magnitude baixa, de 3 na escala de Richter”, argumentou, ainda antes das explicações do Instituto Nacional de Meteorologia.
Em declarações à Rádio Benguela, o director-geral do INAMET, João Afonso, explicou que seis províncias sentiram o abalo, um fenómeno “imprevisível”.
O responsável informou que os sismos são monitorizados pela rede sísmica, que proporciona aviso automático em tempo real.
“Isso permite observar a região e orientar a população. Os últimos tinham sido no Huambo e Bié, menos intensos, de 5.2 “, recordou o director
Fonte: NJ