A Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto (FMUAN) está proibida de matricular novos estudantes no próximo ano lectivo pela avaliação não satisfatória, que corresponde a 52,07%, na avaliação externa do INAAREES. Instituição apresenta inúmeras debilidades que têm de ser resolvidas.
Insuficiência da componente prática por falta de infra-estrutura funcional, corpo docente insuficiente, falta de incentivos claros aos estudantes, falta de fomento à investigação fazem parte das irregularidades que fizeram com que a Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto (FMUAN) tivesse uma classificação de não satisfatório, que corresponde a 52,07%, na avaliação externa realizada pelo INAAREES, de acordo com o relatório final.
A comissão de avaliação externa avaliou os cursos de Análises Clínicas e Saúde Pública, de Ciências Farmacêuticas e o curso de Enfermagem do Instituto de Ciências da Saúde da UAN, que apresentarem inúmeras irregularidades, como falta de inovação e adaptação às necessidades dos estudantes, as unidades orgânicas não funcionam em instalações próprias, o que gera vários constrangimentos, a infra-estrutura não oferece o mínimo de condições para suportar os cursos, não existe sala/laboratório de informática, a biblioteca não dispõe de política de actualização do acervo, banheiros em péssimas condições, sem água corrente, sem papel, sem detergente, sem fechaduras, incumprimento de estágio curricular, finalistas sem defender os respectivos trabalhos de fim de curso.
O relatório aponta também a falta de estrutura clara e em conformidade com as normas curriculares, a proporção docente/discente não é suficiente para formar o egresso no perfil descrito na missão institucional seja em número, regime de trabalho ou qualificação/titulação, as infra-estruturas não oferecem condições suficientes para suportar o desenvolvimento dos cursos com qualidade desejada para o perfil do egresso.
Além das questões pedagógicas, a comissão avaliadora, constituída por cinco membros nacionais e estrangeiros, entende que a instituição deve actualizar o seu estatuto orgânico por haver irregularidades.
Por exemplo, o 1.º art. do estatuto da FMUAN informa que a instituição é dotada de autonomia científica, pedagógica, administrativa, financeira e disciplinar, mas na verdade não dispõe, porque a unidade depende da reitoria da UAN. Os centros de investigação científica e desenvolvimento não aparecem no estatuto orgânico.
A comissão avaliadora reitera, que a instituição deve implementar um plano de acções concretas que conduzam à melhoria dos serviços e se centre na mudança, nomeadamente na resolução de problemas específicos e previamente identificados. E este plano deve conter, entre outros elementos, objectivos ou metas a alcançar, as acções a desenvolver, os prazos das execuções e os responsáveis por áreas pelas execuções para alcançar cada um desses objectivos.
Apesar destes factores negativos, a comissão admite que constatou também alguns pontos fortes que podem contribuir para impulsionar a FMUAN, como a dinâmica da nova equipa gestora, o projecto de construção do Hospital Universitário e a existência de docentes, “ainda que escassos em quantidade”, com experiência profissional.
Apesar de estar ciente das debilidades que a FMUAN enfrenta, a decana da instituição avança que estão empenhados em superá-los. “Podemos ficar reprovados nesta primeira chamada, mas, na segunda, seremos, com certeza, aprovados”, garantiu a decana na última reunião da comissão de avaliação externa.
O facto de formar boa parte dos profissionais de saúde do País, por ser a primeira instituição a surgir, especialistas consideram a classificação e as debilidades que as instituições apresentam um “escândalo” e jogam a culpa na gestão da instituição e do próprio Governo por desleixar a manutenção da instituição.
Fonte: Expansão