O Comité de Política Monetária do Banco Nacional de Angola (CPM), reunido há dois dias, deverá anunciar esta sexta-feira o seu primeiro aumento consecutivo das taxas de juro em quase uma década, “para mostrar a sua determinação em travar uma inflação persistentemente elevada”.
A Bloomberg escreve hoje que cinco dos seis economistas consultados pela agência “prevêem um aumento de 100 pontos base na taxa directora para 20% e não se espera nenhuma mudança quando o governador Manuel Tiago Dias anunciar a decisão do comité de política monetária na sexta-feira, às 16h00”. Segundo os economistas, “isso levará a taxa diretora ao nível mais alto em quase dois anos”.
“Espera-se que o Banco Nacional de Angola aumente mais uma vez as taxas de juro na sua próxima reunião”, disse Tiago Dionísio, economista-chefe da Eaglestone Advisory SA”, citado pela Bloomberg, acrescentando que “provavelmente serão necessárias medidas adicionais de aperto monetário para conter mais pressão sobre os preços ao consumidor e trazer a inflação para uma trajetória descendente.”
A agência lembra que a inflação acelerou para 28,2% no mês passado, um valor muito acima da meta de 19% do banco central para 2024, após uma queda acentuada da moeda local. O kwanza perdeu cerca de 37% do seu valor face ao dólar nos últimos 12 meses, após a decisão do Governo angolano, no ano passado, de deixar conter a desvalorização.
Segundo a Bloomberg, que cita Gerrit van Rooyen, economista da Oxford Economics Africa, prevê-se que persistam pressões adicionais sobre os preços à medida que o Governo de Angola continua a remover gradualmente os subsídios aos combustíveis, subvenções que custam a Angola entre 3 mil milhões e 4 mil milhões de dólares por ano, segundo a ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa.
“Esperamos agora que a inflação atinja um pico de 31% em termos anuais em Junho e modere até 23% em termos anuais no final do ano”, disse Van Rooyen numa nota de investigação, citada pela agência.
De lembrar que na última reunião, em Março, o CPM decidiu-se por aumentos da taxa directora de 18% para 19%, da taxa de Juro da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez de 18,5% para 19,5%, e da taxa de juro da Facilidade Permanente de Absorção de Liquidez de 17,5% para 18,5, mantendo o coeficiente das reservas obrigatórias, em moeda nacional, em 20%.
Fonte: NJ