Após fechar 2022 em queda, o lucro conjunto da banca disparou 123% em 2023. Os resultados foram influenciados pelos grandes bancos, como o BAI que viu os lucros crescerem 108%, e pelo regresso do BPC aos resultados positivos, já que durante 7 anos o banco público empurrou o lucro conjunto para baixo.
Os 20 bancos comerciais que divulgaram as contas auditadas de 2023 contabilizaram um lucro conjunto de 787,7 mil milhões Kz, o que representa um crescimento de 123% face aos 353,5 mil milhões registados em 2022, ou seja, os lucros mais do que duplicaram, de acordo com cálculos da imprensa com base nos relatórios e contas e nas demonstrações financeiras (consolidadas e individuais) das instituições bancárias.
Com este valor, os bancos alcançam o maior lucro de sempre da banca em kwanzas, mas se os valores forem convertidos em dólares, ainda está longe de ser o maior lucro em dólares da história da banca angolana.
Como de costume, estão de fora das contas da iól dois bancos, nomeadamente, o Económico e o VTB, que até esta terça-feira, ainda não tinham publicado os relatórios e contas nem as demonstrações financeiras do exercício económico de 2023 nas suas páginas da internet, contrariando assim a regulamentação do Banco Nacional de Angola (BNA).
Os resultados foram influenciados pela desvalorização cambial verificada no ano passado (apesar do impacto negativo sobre a economia), já que o kwanza depreciou 39% face ao dólar e 41% face ao euro, o que fez crescer os activos dos bancos em moeda estrangeira já que, quando contabilizados em kwanzas, acabam por crescer quando há uma desvalorização da moeda nacional, e isto potenciou os ganhos.
Tal como entende o presidente da Associação Angolana de Bancos (ABANC), Mário Nascimento, “os resultados foram influenciados pela depreciação cambial que impactou positivamente no resultado dos bancos, bem como pelo aumento do stock de crédito e das taxas de juros, e também pelos ganhos de eficiência”.
Alberto Vunge, economista e consultor financeiro, concorda, ao afirmar que a depreciação cambial também aumentou os resultados cambiais no ano passado. “Olhando para o macroambiente em que os bancos operaram, no ano passado não houve muitas alterações”, a não ser a questão da desvalorização cambial, que potenciou o crescimento dos lucros”, afirmou.
Lucros do BAI disparam e BPC sai do “vermelho”
Os resultados também foram influenciados pelo desempenho dos grandes bancos. O BAI, maior banco em activos, foi o que mais contribui para o crescimento agregado dos lucros da banca com 26% do total. As contas consolidadas do BAI englobam um conjunto de actividades bancárias e de serviços financeiros em Angola e no estrangeiro, com ênfase nos negócios de banca de retalho, banca comercial e banca privada, desenvolvendo também actividades na área de seguros e de banca de investimento.
Assim, o lucro consolidado do BAI cresceu cerca 108% para 208, 4 mil milhões Kz.
Com este resultado, o banco liderado por Luís Lélis fica agora com o título de campeão dos lucros, acumulando também o título de líder em activos. Segue- -se, precisamente, o BFA, liderado por Luís Gonçalves, que registou um aumento em 19% dos lucros para 167,9 mil milhões Kz, e contribuiu com 21% para o lucro conjunto.
Já o BPC, que durante sete anos consecutivos (de prejuízos) contribuiu negativamente para os lucros totais da banca, regressou aos lucros ao registar um resultado líquido positivo na ordem dos 115,9 mil milhões Kz em 2023, o que compara com o prejuízo de 120,4 mil milhões contabilizado em 2022. Assim, com o lucro registado no passado, o maior banco público, apesar das 13 reservas dos auditores, entra e fecha o top 3 dos maiores lucros da banca, deixando para trás o Standard Bank Angola.
Fonte: Expansão