O Presidente da República promete “ver como podemos reparar” as ações criminosas “em que os responsáveis não foram presos”, bem como vir a devolver “os bens que foram saqueados”
O Presidente da República, durante um jantar com correspondentes estrangeiros em Portugal, na noite de terça-feira, afirmou que “temos [Portugal] de pagar os custos” da escravatura transatlântica e igualmente do colonialismo. As declarações de Marcelo Rebelo de Sousa são hoje citadas pela Reuters.
Não é a primeira vez que Marcelo considera que Portugal, enquanto país durante séculos colonizador, nomeadamente em África — onde é responsável pelo tráfico de quase 6 milhões de homens, mulheres e crianças —, deveria desculpar-se pela escravatura e demais crimes coloniais.
Fê-lo em 2023, há precisamente um ano, na Assembleia da República, a propósito da sessão de boas-vindas ao Presidente brasileiro Lula da Silva. Agora, em vésperas de se comemorar novamente o 25 de Abril, retoma ao assunto.
Marcelo Rebelo de Sousa deixou questões e uma certeza: “”Há ações que não foram punidas e os responsáveis não foram presos? Há bens que foram saqueados e não foram devolvidos? Vamos ver como podemos reparar isso”, concluiu, sem concretizar como se faria tal reparação.
Relembra a Reuters que a ideia de pagar reparações pela escravidão transatlântica tem ganhado importância em todo o mundo, incluindo esforços para estabelecer um tribunal especial sobre a questão.
O Presidente da República considera que Portugal “assume total responsabilidade” pelos seus erros, erros esses que tiveram “custos”, afirma, referindo aos massacres coloniais, não só os de guerra, mas outros perpetrados durante mais de quatro séculos.
Portugal traficou escravos de África, para o Brasil e o Caribe, mais do que qualquer nação europeia, mas o passado colonial português, e essa é uma crítica repetida, ainda é por vezes referido como glorioso, nomeadamente no ensino.
“Pedir desculpas é a parte fácil”, rematou Marcelo Rebelo de Sousa.
Fonte: Lusa