Agentes culturais da província do Huambo consideram o músico Justino Handanga, falecido, esta segunda-feira, em Luanda, como um verdadeiro promotor e divulgador dos hábitos e costumes, que soube internacionalizar a identidade do povo ovimbundu.
O músico, de 56 anos de idade, faleceu no Complexo Hospitalar Cardio-Pulmonar Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, para onde havia sido transferido na última semana.
Em declarações à imprensa, o director da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos, Jeremias Piedade Chissanga, disse tratar-se de uma perda irreparável para a cultura nacional, sobretudo, do Huambo, pois Justino Handanga foi um músico que sempre velou pela valorização da identidade cultural do povo ovimbundu.
Considerou o malogrado músico como um agente cultural completo que sempre trabalhou para a valorização, conservação e divulgação da cultura local, por ter contribuído, grandemente, na internacionalização da língua nacional umbundu, onde se destaca a sua actuação, em 2010, nas comemorações do Dia da Independência Nacional a nível das embaixadas angolanas, decorrido em Itália.
“Perdemos não só um músico, mas, também, uma pessoa de trato fácil e de inúmeras qualidades humanas, cuja dimensão obriga as autoridades a retribuírem o seu legado, talvez com a construção de um monumento ou com a criação do Prémio cultural Justino Handanga”, enfatizou.
Sem adiantar o pormenor das exéquias, Jeremias Piedade Chissanga, disse estarem a trabalhar para a transladação do corpo que, em princípio, deverá ser enterrado no município do Bailundo, terra natal do músico.
“Quanta tristeza (…) acabo de receber a notícia do falecimento nosso irmão e amigo Justino Handanga. É uma perda, absolutamente, irreparável pois, enquanto nação cultural ficamos mais pobres e seremos menos nos próprios, por isso, vou continuar a ouvi-lo como forma de homenagem e perpetuar a sua grata memória”, lamentou o antigo governador do Huambo, João Baptista Kussumua.
A cantora Edna Mateia, que partilhou várias vezes o palco com o malogrado músico, disse ter perdido a sua principal referência artística.
“Apesar de sabermos que Justino Handanga estava doente, pensamos que deveria vencer, mais uma vez, esta crise de diabetes, mas, infelizmente, desistiu de lutar”, lamentou.
O músico João Baptista Joly descreveu Justino Handanga como um homem íntegro, que nunca se negou em actuar com a nova geração, apesar ter sido um artista de renome internacional.
Lembrou que o malogrado músico, descoberto por si em 1991, no município do Bailundo, contribuiu, também, para o crescimento de muitos artistas da nova geração.
Castelo Ekuikui, embaixador do Reino do Bailundo, disse ser uma perda sem substituição, pois Justino Handanga assumiu-se, naturalmente, como porta-voz dos hábitos e costumes do povo umbundu.
Para si, o malogrado músico, a quem considerou de “mano e amigo”, foi um dos melhores filhos do Reino do Bailundo, que fazia a vontade dos ancestrais, quer seja pelas visitas à Ombala e ou à Administração local, quer pela referência dos hábitos e costumes nas suas canções.
O promotor de eventos, José Catumbela, disse que a morte de Justino Handanga representa “um duro golpe”, pois tinha um espectáculo marcado para 28 de Abril próximo, que servia para homenageá-lo.
“Perdemos um ícone e um artista intemporal, que ainda tinha muito para dar aos angolanos que muito o amavam”, lamentou.
Fonte: Angop