Após o anúncio do fim da subvenção dos combustíveis, previsto para 30 de Abril próximo, os taxistas defendem uma subida do preço da corrida para 250 ou 300 kwanzas, tão logo a gasolina passar a ser comercializada aos “azuis e brancos” a 300, contra os actuais 160, com o restante valor a ser subvencionado pelo Estado. A população pede que o preço não vá além dos 200 kz, para não abalar a já complicada economia das famílias.
Os taxistas, que durante o fim-de-semana começaram a ouvir contribuições e pareceres de pessoas ligadas ao sector, para, junto do Governo, propor “um aumento justo”, logo após a retirada da subvenção, agendada para o final de Abril, são de opinião que o preço de 200 kz, como deseja a população, não compensará, soube à imprensa junto das cooperativas de táxis, que este domingo estiveram reunidas de emergência, em Luanda.
A garantida subida da corrida de táxi nos próximos dias tem sido assunto de conversa em todos os lugares, o que levou à imprensa à rua para recolher a opinião das pessoas sobre a questão.
Ninguém questionou a subida do preço da corrida de táxi, mas todos temem que essa subida seja demasiado pesada para a população, que, no final de tudo, será quem paga esta retirada da subvenção.
Os populares são de opinião que o preço não seja superior a 200 kwanzas, visto que mesmo a 150 ou 200 kz, a situação tem sido complicada nas paragens.
“Se for 200, aí tudo bem, ninguém irá escandalizar-se, mais do que isso será um escândalo e todos nós sabemos”, disse à imprensa o cidadão Ângelo da Silva, morador no Zango.
Pensamento idêntico ao de Ângelo da Silva têm os cidadãos Amaro Neto, Gildo Matias e João Ngunza, com quem à imprensa conversou neste domingo no Golf II.
Antónia Miranda, funcionária pública e moradora em Viana, diz que actualmente as pessoas já pagam 200 kz, pelo táxi, pese embora seja oficialmente 150, e sugere que o preço de 200 seja oficializado pelo Governo para não prejudicar demasiado as pessoas.
“Porque se oficialmente for 200, com a especulação e linhas curtas ficará a 300, até aí aceita-se, mas do que isso será o fim das famílias e não sei o que será deste País”, descreveu.
Catarina Miguel, Paulino Duarte, Teodorico Faustino, outros interlocutores com quem conversamos, asseguram que se o preço for acima dos 200, as famílias não terão capacidade financeira para suportar as despesas com os transportes.
“O Governo tem de ver bem essa situação porque senão haverá uma manifestação muito forte da população”, refere Teodorico Faustino, activista social.
Entretanto, Francisco Paciente, presidente da Associação Nacional dos Taxistas de Angola (ANATA), maior associação de taxistas do País, disse à imprensa ser impossível não haver subida do preço da corrida de táxi logo após a retirada da subvenção pelo Executivo, mas assegura que o ajuste de preço terá em conta a realidade económica do País.
Segundo a ANATA, será necessário alterar o preço da corrida para que estes profissionais possam manter a actividade funcional.
“O que vai acontecer será apenas para nos ajustarmos à realidade económica do País. Não consigo precisar quanto será o aumento, porque quem regula é o Estado, mas haverá seguramente subida e vamos lutar para encontrarmos uma tarifa que facilite os taxistas e a população”, descreveu.
Pensamento semelhante a da ANATA têm a Associação de Taxistas de Angola (ATA) e a Associação dos Taxistas de Luanda (ATL), porém, à imprensa soube através de uma fonte ligada os taxistas que este fim-de-semana as cooperativas dos “azuis e brancos” estiveram reunidas para analisarem a situação.
“Apanhados de surpresa”, querem, junto do Governo, “encontrar a melhor solução”, garantem.
A imprensa sabe que durante o encontro ficou decidido o preçário a ser discutido e proposto ao Executivo, que deverá rondar os 250/300 kz.
Geraldo Wanga, fundador da ANATA e do Sindicato dos Taxistas de Angola (STA), disse à imprensal que a intenção dos taxistas de fixarem este preço é justa, e salienta que o preço sugerido pela população (200 kz) não será aceite, embora assegure que a proposta será discutida.
Segundo Geraldo Wanga, circular em Luanda vai ser muito caro.
Conforme este antigo responsável pelas associações e cooperativas de táxis, o preço de 200 kz pode compensar nas rotas interurbanas, mas não será compensatória nas trans-municipais.
“Infelizmente 200 kz não compensa, o viável é que o táxi seja entre os 250 e os 300 kz. É justa essa pretensão, porque mais 50 kz não altera absolutamente em nada e não compensa a necessidade do combustível”, descreveu Geraldo Wanga, actualmente ligado à Associação ABC da Prevenção e Combate à Sinistralidade Rodoviária.
Importa referir que o Governo vai deixar de subsidiar a gasolina aos taxistas. A partir de 30 de Abril, o plafond dos cartões de subsídio à gasolina será removido.
A informação consta de um despacho presidencial, em que é revogado o diploma de 1 de Junho de 2023, que aprovava a atribuição do subsídio à gasolina para produção agrícola, pesqueira, e para o transporte intermunicipal, inter-urbano e urbano de passageiros.
Deliberava o documento assinado em Junho do ano passado por João Lourenço que o subsídio à gasolina para a produção agrícola e pesqueira se aplicava às actividades agro-pastoris familiares, piscatórias artesanais, que dependem da utilização de máquinas, equipamentos e veículos ligeiros, com dispêndio de gasolina, no território nacional.
Gozavam, igualmente do direito ao subsídio ao preço da gasolina os agentes económicos prestadores do serviço de transporte urbano colectivo de passageiros com veículos ligeiros, pesados e motociclos, em todo o território nacional, nas rotas intermunicipais, urbanas e interurbanas.
Fonte: NJ