Mais de 200 cidadãos que se queixam de terem sido burlados nas residências do projecto habitacional do Mayé Mayé, no município de Cacuaco, em Luanda, por supostos falsos funcionários do Instituto Nacional de Habitação, estão indignados com a posição do juiz de garantia, do tribunal da comarca de Luanda, junto do comando municipal de Cacuaco da Polícia Nacional, que no passado mês de Janeiro colocou o grupo de burladores em liberdade, depois de estes terem sido detidos pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC), após queixas dos lesados, soube à imprensa.
Os lesados suspeitam que o grupo esteja a ser protegido por pessoas influentes, visto que apresentaram provas de que os acusados receberam valores monetários em kwanzas, com a promessa de entrega de residências no projecto habitacional Mayé Mayé.
Fontes do SIC, que asseguram desconhecer as razões da soltura, salientam que os acusados, com idades compreendidas entre os 32 aos 47 anos, entre os quais um casal, que se faziam passar por funcionários do Instituto Nacional de Habitação, foram detidos por burla após um trabalho de investigação apurado.
A imprensa soube junto do SIC que os supostos falsos funcionários do Instituto Nacional de Habitação simulavam inscrever as vítimas para aquisição de residências.
Conforme o SIC, com a rede criminosa foram encontradas listas de inscrição com vários molhos de chaves de residências, e só um dos funcionários vendeu mais de 10 residências ao preço de três milhões e meio de kwanzas.
Entretanto, os lesados dizem que foram enganados por estes indivíduos, pois faziam-se passar por funcionários do Fundo de Habitação.
Para que não houvesse dúvidas, contam as vítimas, o grupo entregava diversos documentos em nome da direcção Nacional de Gestão Fundiária do Ministério das obras Públicas Urbanismo e Habitação.
Contam ainda que entregavam valores entre os 500 mil e um milhão de kz, com o objectivo de conseguirem residências.
A imprensa soube que há pessoas que chegaram a pagar mais de 40 milhões para comprar várias residências naquela urbanização.
Por conta da demora e das artimanhas que usavam, muitas vezes, para acalmar as pessoas que já haviam pago as casas, algumas das vítimas, já em desespero, denunciaram os acusados às autoridades, que acabaram detidos pelo SIC.
No mês passado, o director do gabinete de comunicação institucional e imprensa do SIC-geral, Manuel Halaiwa, assegurou não haver ligações desta rede criminosa a funcionários do Instituto Nacional de Habitação, informação que os lesados se negam a acreditar devido à influência que estes gozam.
Um dos lesados, que solicitou anonimato, contou que não consegue perceber como um juiz solta toda a rede, mesmo depois de várias queixas com provas documentais de burlas.
Outro contou que umas das detidas sempre disse que gozava de influência, e que nada iria acontecer caso estes a denunciassem, o que agora veio a comprovar-se, segundo esta vítima.
Fontes do SIC disseram à imprensal que o Serviço de Investigação Criminal cumpriu com o seu trabalho, que é o de entregar os detidos aos órgãos competentes para os procedimentos que a Lei exige.
Sobre esse caso em concreto, a fonte do SIC preferiu não comentar, assegurando que só o juiz sabe, de acordo com a Lei, porque os soltou.
Fonte: NJ