Um jovem, que em vida respondia por Manuel da Costa Renato, de 22 anos de idade, morreu, na tarde do último sábado, 20, no Hospital Municipal de Cacuaco, quando o seu estado clínico se agravou e a médica em serviço no Banco de Urgência já havia prescrito a guia de transferência para outra unidade hospitalar de referência, mas alegou não haver ambulância, quando no quintal havia uma estacionada e em bom estado.
De acordo com o irmão mais velho do malogrado, Vicente Renato Nunes, tudo começou na sexta-feira, 19, no bairro da Boa Esperança-1, Distrito Urbano do Kikolo, quando Renato se confrontou com uma insuficiência respiratória, por volta das 18 horas, e acorreram para o hospital já referenciado. Assim que deram entrada naquela unidade hospitalar, o paciente foi recebido por uma enfermeira estagiária que apurou o estado clínico, tendo concluído que o mesmo estava com princípios de malária.
“Amarraram o meu irmão nos membros superiores e inferiores”, conta Vicente, referindo que não sabia o porquê, mas, depois de questionar a enfermeira, esta revelou que ele estava com sinais de malária cerebral e, para a segurança da equipa médica, era necessário aquele cenário.
Explicou que, depois, a enfermeira o tranquilizou, que não era grave; ele vai recuperar. Aliás, os pacientes que têm recebido têm sido piores.
Não tardou, na mesma sexta-feira, às 21 horas, é surpreendido pela equipa em serviço para ir comprar uma fralda descartável, mas não foi permitido ficar com o paciente.
Já ao amanhecer, despertou e dirigiu-se ao Banco de Urgência para saber do estado clínico do irmão, mas apercebe-se que o malogrado já não estava na mesma sala. De seguida, foi ter com a médica que chefia o Banco de Urgência, que disse que o paciente estava em estado crítico, pois não está a urinar por ter um problema nos rins e, por isso, vai ser transferido urgentemente para o Hospital do Prenda.
Depois de passar a guia de transferência, por volta das 6 horas, pediu que a família aguardasse a chegada da ambulância para o efeito.
Isto pôs Vicente muito preocupado, porque desde o momento que a mesma médica garantiu que iria transferir o paciente, horas passavam e nada era feito. Ligou para os tios e explicou o que se estava a passar.
“Liguei aos meus tios, expus a situação. Um deles, quando entrou no quintal do hospital assustou por ver uma ambulância em boas condições que, naquele dia, apoiou outros doentes”, revelou, acrescentando que, no mesmo instante, apareceu outra ambulância e a família achou que seria para socorrer o seu ente-querido, mas não, tendo servido para outros pacientes.
Por outro lado, a família tentou convencer a médica no intuito dela permitir que alugassem uma viatura para transportar o paciente, mas esta avisou que se o fizessem, tudo que viesse acontecer não seria da sua responsabilidade.
A mesma médica, às 8 horas, é rendida por uma outra que, logo que entrou chamou a família e questionou: “há quanto tempo o paciente se encontrava naquele estado?. A família respondeu, mas ela não acreditou no que ouviu”.
Depois de algumas horas, isto às 12, a família foi novamente chamada para ser informada que Renato tinha ido a óbito.
“Se aquela doutora dispensasse uma ambulância, tenho certeza que o meu irmão não teria morrido, mas infelizmente as duas viaturas já tinham dono”, acusou o irmão, que exige que a médica pague pela negligência.
Este jornal deslocou-se ao Hospital Municipal de Cacuaco no intuito de ouvir a posição da direcção daquela instituição pública. Em declaração, o supervisor geral, Eduardo Nguemba, limitou-se apenas em dizer que o caso está ser analisado desde o motorista até à equipa que esteve em serviço.
Quanto à questão das ambulâncias, Nguemba respondeu que uma das viaturas já não está a funcionar para transportar doentes, mas sim foi adaptada de forma a apoiar os médicos cubanos que vivem no Zango. Quando lhe foi questionado sobre a outra ambulância, simplesmente remeteu-se ao silêncio.
Fonte: Na Mira Do Crime